Os golpes virtuais têm se tornado comuns e, apesar dos sucessivos alertas, ainda há quem caia nas armadilhas. Um levantamento realizado pela Serasa Experian revela que há uma tentativa de fraude com CPF a cada 7 segundos no Brasil.
Algumas dicas simples ajudam o usuário a não ser vítima de golpes, como o do motoboy que usa biometria facial ou vai buscar o cartão com chip na casa do cliente bancário e as corriqueiras ofertas "imperdíveis" e links que chegam pelo WhatsApp, por exemplo.
Os golpes não livram a cara de ninguém, nem mesmo a dos famosos. Na última terça-feira (8), a Polícia Civil de São Paulo prendeu um homem de 20 anos suspeito de desviar R$ 220 mil de contas bancárias do atacante Neymar, da Seleção Brasileira e do PSG. O suspeito foi preso na Zona Leste da capital e é apontado como operador de um esquema que envolve estelionato e furto de dinheiro por meio de transferências via Pix.
Em Minas Gerais, um consumidor percebeu que estava sendo envolvido em uma fraude para obter um financiamento, e o vídeo, que viralizou nas redes sociais, ilustra o crescimento das armadilhas impostas pelos criminosos no ambiente virtual.
A ação registrada em Belo Horizonte (MG) faz parte do golpe do motoboy: para atrair vítimas, golpistas fingem ser entregadores de comida ou presentes e, após entregarem produtos não pedidos, dizem que precisam de uma selfie do suposto cliente para confirmar a entrega. Ao conseguir as imagens, eles aprovam financiamentos por meio e aplicativos de bancos ou corretoras que trabalham com biometria facial.
A vítima só desconfiou porque foi noticado pelo Serasa Premium que dois bancos haviam consultado recentemente seu Serasa Score. E também porque uma floricultura, de remetente oculto, entrou em contato para fazer a "entrega de um presente".
"Neste cenário, o maior desafio é manter-se seguro já que, infelizmente, os golpes são cada vez mais diversificados", diz Aline Sanchez, responsável pelo Serasa Premium, serviço de monitoramento de dados e prevenção a fraude.
Golpe do motoboy
É importante destacar que em outro golpe, também utilizando motoboy, o fraudador liga para a vítima dizendo que seu cartão bancário foi clonado e pede que ligue para o 0800 do cartão, mas não desliga o telefone e se faz passar pelo banco.
Em seguida, solicita os dados, inclusive a senha, recomenda que o cartão seja cortado ao meio e informa que um motoboy vai buscá-lo. Ao cortar o cartão ao meio, o chip não é danificado. E com senha e chip, os bandidos fazem a festa.
Os bancos informam que não recolhem cartões do cliente e não pedem que digite ou informe senhas. Caso precise jogar fora um cartão, destrua-o completamente, cortando seu chip ao meio, e nunca o entregue a ninguém, informa a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Golpe usa o 'Registrato' do BC
Circulam nas redes sociais e aplicativos de mensagens, links e informações que prometem consultar — e até sacar via Pix — valores disponíveis em bancos. O Banco Central (BC) lançou uma ferramenta que permite o resgate de valores esquecidos em instituições financeiras.
Usando elementos visuais e termos como "Registrato" no nome do domínio, golpistas aproveitam a tendência de interesse pelo tema para tentar atrair usuários para sites falsos, que podem infectar o dispositivo com vírus, malwares, roubar dados e até convencer a vítima a enviar dinheiro. Parte da mensagem que leva para o site falso diz: "Consulte agora se você tem algum valor a receber! Saque instântaneo via PIX, mais de 7 milhões de brasileiros já consultaram e sacaram!".
A plataforma Site Confiável identificou uma tendência nas buscas por sites que contenham o termo "Registrato" nos últimos 30 dias. Foram 2.367 buscas que levavam a pelo menos seis sites diferentes.
Fique de olho nas dicas
- Desconfie de links de origem desconhecida, mesmo quando enviados por pessoas conhecidas: aplicativos mensageiros (como WhatsApp e Telegram) e e-mails são as origens mais comuns de links maliciosos. Antes de clicar, certifique-se sobre a veracidade do conteúdo.
- Na dúvida, não clique: muitas mensagens despertam gatilhos emocionais nas vítimas, como solidariedade, curiosidade, facilidade, benefícios e outros. Podem ser mensagens do tipo "Sua fatura do mês chegou" ou "Temos uma oferta imperdível".
- Verifique a segurança e a autenticidade dos sites de navegação: o crime do furto de dados pessoais pode começar em uma promoção tentadora que remete a uma tela falsa. Fique atento a três elementos no endereço eletrônico: se tem o https na URL, o cadeado na barra de navegação e a inscrição site seguro. Se não encontrar, desconfie.
- Atenção ao "check" de verificado: sempre que entrar em contato com uma empresa verifique se os perfis nas redes sociais têm o "check" verificado ao lado do nome da empresa. Cuidado para não confundir o símbolo oficial, que no Instagram é azul e no WhatsApp é verde, com emojis semelhantes.
- Cuidado com dados pessoais: não forneça seus dados por meio de e-mail, WhatsApp ou redes sociais, muito menos senhas bancárias, que são de uso privado e exclusivo.
- Compra on-line? Prefira o cartão virtual: depois que estiver com seu cartão de crédito em mãos e for realizar uma compra on-line, prefira sempre que possível usar o cartão de crédito virtual, disponível no aplicativo das instituições bancárias e que tem dados diferentes para cada transação.
- Jamais compartilhe seu código de segurança: o código de segurança, que geralmente é encaminhado via SMS para o número de celular, é a principal forma de ativar o WhatsApp em um outro dispositivo.
- Ative a verificação em duas etapas: está é mais uma camada de segurança, onde o golpista, mesmo com seu código de segurança, não conseguiria ativar o WhatsApp em novo dispositivo. Isso pode ser feito nas configurações do aplicativo.
- Desconfie de pessoas pedindo dinheiro ou doações: algum contato pediu para depositar dinheiro? Tente ligar ou falar com a pessoa pessoalmente para confirmar a informação.
- Não seja curioso: Alguém lhe encaminhou uma corrente pelo aplicativo cujo texto provocou curiosidade? Tenha cautela, pesquise no Google sobre a notícia e evite clicar em links encaminhados.
- Coloque uma senha forte no seu smartphone: para o caso de perda do aparelho, é importante ter uma forma de bloqueio para proteger os dados.
- Não clique em qualquer link: recebeu um link de atualização cadastral bancária, promoção, sorteio, acesso a benefício, vacina e até pesquisa? Cuidado, pode ser um golpe.
- Ficou em dúvida? Pesquise no Google: a plataforma pode ajudar a identificar golpes, que já possam estar circulando a certo tempo, por meio de notícias e sites que estejam falando do assunto. Se ficou na dúvida, pesquise.
- Mantenha seu WhatsApp atualizado: é importante atualizar a versão do aplicativo para que tenha acesso a correções de vulnerabilidades e brechas que foram corrigidas pela empresa.
- Fique atento ao extrato bancário: confira com regularidade o extrato de sua conta bancária, ainda que você seja organizado e tenha noção de seu saldo. A demora em consultar o histórico permite que bandidos façam várias transações em um curto intervalo de tempo. De preferência, acione o sistema do banco que emite notificações no celular sempre que a conta é movimentada.