Quase metade (43%) das publicações mais populares sobre fraude nas urnas eletrônicas no Facebook entre 2020 e 2022 são da página do presidente Jair Bolsonaro, de acordo com um estudo realizado pelo projeto Digitalização e Democracia no Brasil, uma parceria entre a FGV DAPP e a Embaixada da Alemanha em Brasília.
A pesquisa analisou publicações com acusações de fraude na urna eletrônica e defesa de voto impresso auditável publicadas no Facebook entre novembro de 2020 e janeiro de 2022.
Das 394.370 publicações encontradas, 40 são as mais populares, gerando 6,8 milhões de interações. Dentre as 20 primeiras, 13 (43%) são da página oficial de Bolsonaro, que atraiu quase metade das interações (47%).
O presidente ainda aparece entre as 12 contas que concentram maior volume de interações (mais de um milhão cada) em publicações sobre fraude nas urnas e voto impresso.
Bolsonaro aparece em quarto lugar na lista de páginas com maior interação sobre o tema, atrás dos deputados federais Carla Zambelli, Bia Kicis e Filipe Barros. Quem mais colocou o assunto em pauta, de acordo com o estudo, foi Zambelli, com 1.576 publicações durante os 15 meses analisados.
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Nos 15 meses analisados, a pesquisa encontrou 394.370 postagens sobre fraude nas urnas eletrônicas e voto impresso auditável, publicadas por 27.840 contas. Ao todo, esses posts atraíram mais de 111 milhões de interações.
Os meses com mais volume de publicações sobre o tema foram novembro de 2020, com eleições nos Estados Unidos e no Brasil, e julho e agosto de 2021, quando a PEC do Voto Impresso (PEC 135/2019) foi bastante debatida. Na média, 888 publicações foram feitas por dia, com recorde no dia 10 de agosto de 2021, quanto 10.619 posts sobre o tema circularam no Facebook.
Grupos e páginas em prol do voto impresso ganharam bastante força em 2021. Este foi o ano com maior média de postagens e maior média de interação por conta desde 2014. "Os números dão fortes indicativos de que mensagens de contestação eleitoral vêm crescendo em quantidade e em interação no Facebook", afirma o relatório.
A Meta entrou em contato com a reportagem na sexta-feira (11), afirmando que o estudo "erra ao sugerir que todos os conteúdos na plataforma sobre esses temas possuem desinformaçã" e que "ignora a existência de um debate público na sociedade brasileira, durante o período analisado, sobre propostas legislativas em relação ao voto impresso". Confira a nota completa:
"O estudo divulgado nesta sexta-feira, dia 11, sobre postagens no Facebook a respeito de fraude eleitoral e voto impresso erra ao sugerir que todos os conteúdos na plataforma sobre esses temas possuem desinformação. O próprio estudo inclui, por exemplo, o UOL Notícias, do Grupo Folha, entre as contas no Facebook com mais postagens sobre fraude nas urnas e interações. Além disso, o estudo ignora a existência de um debate público na sociedade brasileira, durante o período analisado, sobre propostas legislativas em relação ao voto impresso. Importante frisar também que o Facebook, junto com o Instagram, foi a primeira plataforma digital e até aqui a única no Brasil a adicionar ainda no fim de 2021 rótulos em postagens sobre eleições, direcionando as pessoas para o site da Justiça Eleitoral, onde elas podem encontrar informações oficiais sobre o sistema de votação e artigos rebatendo desinformação sobre o processo eleitoral. A integridade da eleição no Brasil é uma prioridade e sabemos que o conhecimento local é crítico para esse trabalho. Temos equipes no Brasil e no mundo dedicadas a aperfeiçoar nossas políticas e produtos para lidar com temas como desinformação, discurso de ódio e violência nas eleições".