Os pergaminhos foram encontrados nas ruínas de Herculano, sendo datados no ano de 79 d.C
Reprodução/Twitter
Os pergaminhos foram encontrados nas ruínas de Herculano, sendo datados no ano de 79 d.C

Um universitário norte-americano restaurou o conteúdo de  pergaminho carbonizado, datado do ano de 79 d.C . Luke Farritor, de 21 anos, utilizou ferramentas de inteligência artificial para o feito. A descoberta foi publicada na última quinta-feira (12), na revista científica Nature.

A descoberta foi feita em um desafio coletivo para resgate de conhecimentos perdidos com a erupção do vulcão Vesúvio . Chamado de Vesuvius Challenge, a iniciativa juntou cerca de 1.500 times de pesquisadores, e foi lançada em março deste ano.

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Essa é a primeira vez que um material totalmente carbonizado foi recuperado. O texto fazia parte da Vila dos Papiros, a única biblioteca da antiguidade clássica com escritos que são compreensíveis. O material é propriedade da nobreza romana, localizada na Itália.

Os pergaminhos foram soterrados após uma erupção do vulcão Vesúvio, no século I. O evento acabou carbonizando o papiro, mas o soterramento evitou que a tinta oxidasse. Com o objetivo de não danificar o material, os pesquisadores envolvidos fizeram uma topografia, sem desenrolar o pergaminho.

Farritor conseguiu descobrir um trecho do pergaminho em questão. Ela se trata da primeira referência em registro escrito com o pigmento púrpura, que era raro no Império Romano, e seu preço era negociado pareado com o valor do ouro. O trecho possui cerca de 10 caracteres e 4 centímetros quadrados.

A pesquisa

Quem está coordenando o projeto é o professor Brent Seales, da Universidade de Kentucky, que atua na restauração digital de objetos no Educe Lab. Seales foi a primeira pessoa a recuperar passagens históricas carbonizadas através de modelos computacionais.

O pigmento utilizado nos papiros de Vesúvio tem como base o carbono, elemento com a mesma densidade do papel. Entretanto, o professor percebeu que era possível utilizar de inteligência artificial para ler os trechos escritos com tintas metálicas — material que possui maior clareza nas radiografias por conta da sua maior densidade no papel — e mapear as mudanças na superfície do papiro, onde o pigmento púrpura havia sido fixado.

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Para maior precisão no estudo, os pergaminhos foram levados para um acelerador de partículas na Universidade de Oxford, no Reino Unido, onde feixes de raio-X emitidos pela aceleração dos elétrons mostraram uma maior resolução.

Com isso, a equipe do professor Seales focou em digitalizar os trechos recuperados, e disponibilizar para os pesquisadores que estavam participando do desafio.

Vesuvius Challenge

No desafio, os participantes têm acesso aos códigos que foram utilizados no modelo de inteligência artificial, e os dados das pesquisas anteriores, podendo assim otimizar os modelos para chegar ao objetivo.

Nesse sentido, Farritor percebeu que o trecho enviado a ele, possuía letras perceptíveis a olho nu. Com isso, ele rodou o código no próprio celular, recebendo o alerta do novo trecho disponível quando estava em uma festa.

Com a descoberta, o jovem recebeu uma quantia de US$ 40 mil. O participantes que conseguir traduzir quatro passagens de textos de forma contínua e plausível, tendo no mínimo 140 caracteres, receberá o prêmio de US$  700 mil. Ao todo, o Vesuvius Challenge irá distribuir cerca US$ 1 milhão, em prêmios.

A ideia do desafio surgiu do ex-executivo da Microsoft, Nat Friedman. Ele é um dos patrocinadores, dando o aporte de US$ 250 mil. 

Vila dos Papiros

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Os pergaminhos encontrados estavam na Vila dos Papiros, uma propriedade do sogro de Júlio César, Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino, na cidade de Herculano.  Na época, o magma não destruiu a cidade, com ela ficando coberta por cinzas.

Dentre os conteúdos recuperados em Herculano, há pensamentos filosóficos de Epicuro e Philodemus. 

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