Se existe conexão de internet, existe a possibilidade de invasão nos sistemas. A pergunta não é se os hackers conseguem invadir um sistema, mas em quanto tempo eles conseguem acessá-lo. Especialistas, hackers e delegados de crimes cibernéticos afirmam categoricamente: nada é inviolável.
Eficiência, conectividade e facilidade estão cada vez mais presentes no dia-a-dia das pessoas. Dentro de casa, em aparelhos domésticos inteligentes, assistentes pessoais, lâmpadas, impressoras, computadores e joguinhos de celular; em sistemas e softwares das empresas, das instituições bancárias, nos serviços médico-hospitalares e de governo e até em veículos automotivos. Esses sistemas melhoram a qualidade de vida das pessoas, promovem a inovação e otimizam o tempo e processos. Por outro lado, são “porta de entrada” para “invasores virtuais”.
Mais da metade do mundo está conectado à internet. Pesquisa da Fortinet
afirma que o Brasil sofreu 3,4 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos de janeiro a setembro de 2020.
Não adianta negar, a transformação digital é inevitável e nós já estamos no meio dela. É preciso investir em segurança! Com isso, amplia-se a demanda por profissionais capacitados e oportunidades de mercado.
Hacker, uma profissão, um pesquisador que pensa “fora da caixa” e um estilo de vida
É possível se profissionalizar em “hacker". Hoje em dia, já existem cursos de graduação, pós-graduação e certificações para a profissão.
Um “hacker ético” é um profissional que trabalha com análises de vulnerabilidade, fazendo pesquisas e realizando testes de segurança dentro das empresas, mapeando e combatendo ataques cibernéticos. A partir dos resultados, buscam melhorias utilizando suas habilidades “fora da caixa” a fim de aumentar a eficácia dos sistemas de segurança utilizados. Dentro da mentalidade do “hacker do bem”, é crucial compreender que o acesso às informações não concede o direito de usá-las de forma indevida.
A profissão requer um conhecimento da tecnologia, um pensamento inovador e uma abordagem ética para proteger a funcionalidade e a integridade dos sistemas e os dados ali inseridos.
Como a tecnologia muda e evolui constantemente, o profissional tem que se atualizar constantemente. É um trabalho de 24 horas por dia que precisa “pensar fora da caixa”.
Você não é o elo mais fraco, você é o antivírus.
Os níveis de segurança vão desde o acesso aos dados, a integridade até a funcionalidade do sistema. Tudo que está ligado à internet, é uma porta de entrada para a sua casa. Costumamos cobrar muito das empresas, mas banalizamos a nossa responsabilidade em proteger nossos dados.
Existe uma parte nesse processo de segurança que é comportamento humano. Para isso, é preciso mudar o “mindset” ou a forma de pensar.
Podemos fazer a nossa parte seguindo algumas dicas:
1 - Desabilitar as configurações padrões dos aparelhos domésticos
Aparelhos inteligentes vem com uma configuração feita pela operadora e, na hora da aquisição, é preciso alterá-las;
2 - Investir em produtos com garantia de segurança
Desconfie quando um aplicativo é grátis, estude e pesquise produtos e invista em garantia de segurança;
3 - Ler os termos de uso dos aplicativos baixados
Não necessariamente ler todo o termo, mas a parte dedicada ao destino dos seus dados, muitos aplicativos enviam dados para outros países;
4 - Instalar somente o necessário
Avaliar se realmente precisará do aplicativo, como aqueles joguinhos de graça;
5 - Não coloque seus dados em tudo
Tem sites que exigem as informações cadastradas e outros não. Cadastre somente o necessário ou preencha somente o necessário;
6 - Constante troca de senhas
Frequência na alteração das senhas de todos os dispositivos;
7 - Senhas difíceis
Não seja óbvio e dificulte ao máximo. Troque o “a” por @, use trechos de música ou poesia como senhas entre outras dificuldades. Nem sempre o gerenciador de senhas é uma boa solução. Melhor mesmo é ter o caderninho com as senhas escritas escondido.
8 - Separe o conteúdo particular da poluição
Separe um e-mail particular e outra conta de e-mail para poluir, para receber
as notificações e para cadastrar em vários ambientes;
9 - O Antivírus é você
Antes de obter um antivírus, passe por todos os processos acima e, então, invista em um antivírus confiável que poderá reduzir os ataques;
10 - Checagem em duas etapas
Instale sempre a identificação em duas ou mais etapas.
A proteção dos dados começa quando se é criança.
Uma coisa interessante a se fazer é, se julgar necessário, ter uma rede somente para os adultos em sua casa e outra para os jovens e crianças. Por mais que entendam a importância da segurança, acabam baixando joguinhos piratas ou clicando em links atrativos. Com isso, é possível minimizar o prejuízo.
Mas a educação e o diálogo são as melhores soluções para proteger essas crianças. O jovem só é responsável por suas ações quando completa 18 anos, até lá, os pais são os responsáveis. Então, tenha acesso às senhas, às redes e aos conteúdos dos seus filhos na internet.
As escolas já fazem palestra sobre o cyberbullyng, já sabem o que é e aprendem a identificá-lo. Entretanto, seria interessante investir em programas educacionais sobre o Hacker. O que é segurança digital, como se proteger, mostrar as consequências do que pode acontecer com sua família se baixar um joguinho no celular dos pais e até a noção de carreira, de profissão do futuro.
Chama a galera da segurança, os Hackers
Em se tratando de tecnologia, transparência e confiança são fundamentais para o ciclo de vida da empresa e a segurança e satisfação dos consumidores. A Empresa Tesla leva isso a sério. Ao invés de negar uma vulnerabilidade ou restringir o acesso às informações e dados do negócio, lançou uma competição desafiando hackers de todos os países a tentarem invadir sua plataforma. O objetivo é “quebrar o protocolo” de segurança e apontar fragilidades. Neste ano, os “hackers” encontraram mais de uma falha e conseguiram controlar alguns pontos de recarga. A equipe vencedora levou o prêmio de, aproximadamente 500 mil reais. Com o resultado do campeonato, a Tesla consegue trabalhar melhor para evitar problemas. A empresa já fez “recall” de seus veículos e aprimorou alerta de segurança do sistema, permitindo ao motorista saber quando o sistema está ativo ou quando é necessário retomar o controle do carro.
É ilusão acreditar que os sistemas são 100% invioláveis e as máquinas são 100% seguras. Nem o corpo humano é.
Não temos que ter medo, a tecnologia tem as suas limitações. Adotar práticas de segurança cibernética na nossa rotina e investir em sistemas de proteção para empresas é a forma que a capacidade humana preserva a integridade da máquina e de quem a utiliza.
Entrevistei o “Hacker do Bem”, Felipe Prado, no meu Podcast. Veja esse e
outros programas completos no canal youtube.com/@astropontes