Sempre acreditei que para ser um bom líder era preciso ter coragem e determinação. Como o único brasileiro a ir ao espaço, destaco a importância das seguintes palavras ditas por minha mãe antes de começar a minha trajetória profissional.
“Estude, trabalhe, persista e sempre faça mais do que esperam de você”
Palavras que me levaram até o espaço! Como Astronauta, superei as barreiras da incerteza e da incredulidade que recaem sobre o brasileiro para superar desafios. Como Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, formulei e implementei políticas públicas de acesso e estudo a programas avançados relacionados à ciência e tecnologia. Agora, como Senador, atuo na criação de legislação adequada que permita o desenvolvimento dessas operações no país com mais velocidade, além de promover a formação de pessoas capacitadas para atuar nesse cenário.
O mundo está em constante evolução e para transformar nosso país em líder, é fundamental investir na educação, em tecnologias e suas inovações, que têm alto risco, mas trazem grandes retornos.
O mercado espacial tende a aumentar. Em 2020, o valor da economia global espacial chegou a 424 bilhões de dólares, um crescimento de 70% em relação a 2010, segundo dados da Space Fundation .
Uma pesquisa do Banco Citi , divulgada pela CNBC diz que a indústria especial deve atingir, em receitas anuais, 1 Trilhão de dólares, até 2040. Além da previsão de redução dos custos de acesso ao espaço com a perspectiva de facilidade na internet via satélite e fabricação de equipamentos manufaturados.
Durante minha gestão como Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (2019—2022), investimos no Centro Espacial de Alcântara , criamos o grupo Interministerial de diversos órgãos, instituições locais e a comunidade para o desenvolvimento de Alcântara. Se o Centro for capaz de ter 1% do mercado de lançamentos de foguetes do Planeta, isso significa um rendimento de bilhões de dólares por ano.
Em 2019, assinamos o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas que permitiu o lançamento do foguete sul-coreana HANBIT-TLV, da empresa Innospace , a partir da Base de Alcântara, em 2023. É a primeira empresa privada a realizar uma operação no Centro, ainda em fase de teste.
Em 2021, assinamos o acordo de participação do Brasil na Missão Artemis que levará as primeiras astronautas mulheres e afrodescendentes de volta à lua. O acordo faz parte do Programa Lunar NASA Artemis da Agência Espacial Americana e prevê o desenvolvimento de tecnologias para uma missão humana em Marte.
Mas o Brasil se destaca no segmento de satélites. Ainda em 2021, também como Ministro, lançamos o Amazônia 1 , o primeiro satélite brasileiro totalmente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil. Esse satélite fornece dados de imagem de sensoriamento remoto para monitorar e observar nossos recursos naturais, principalmente na Amazônia. Seu lançamento foi uma parceria com a agência espacial indiana Indian Space Research Organization . O Brasil precisa estar na vanguarda desse avanço tecnológico para garantir seu lugar como líder no cenário espacial global.
Existe uma vasta lista de possibilidades no setor espacial e tende a aumentar. O mercado de transporte de carga e o de satélites com a maior fatia para telecomunicações têm apresentado crescimentos significativos. Com isso, aumenta a demanda por profissionais especializados nessa área. Relatórios atuais apontam que a China vai precisar de 800 mil projetistas de chips nos próximos anos. E os Estados Unidos vão precisar de um milhão de profissionais somente nessa área de semicondutores.
Uma tendência que é uma grande oportunidade para o Brasil é o desenvolvimento de satélites com suas novas tecnologias, redução de tamanho e aumento de capacidade de armazenamento de dados. Os nanossatélites movimentam bilhões por ano. A indústria brasileira de nanossatélites tem se posicionado com potencial para ser referência no mundo. Como são menores e menos pesados, têm um custo mais baixo de produção e lançamento. Portanto, a demanda de lançamentos pode aumentar gerando emprego e renda para o país. Podemos posicionar o Brasil como líder na América Latina.
Mas, não existe desenvolvimento em tecnologia sem investimento em educação. Eu tive a oportunidade de participar da criação da Olimpíada Brasileira de Satélites (OBSAT) com o objetivo de popularizar e promover experiências a partir de projetos de satélites de pequeno porte. Em 2019, a Agência Espacial Brasileira, vinculada ao MCTI, organizou a Olimpíada de Desenvolvimento Espacial e Aplicações (ODE) que foi integrada ao OBSAT
A OBSAT é gratuita e para qualquer aluno matriculado em instituições brasileiras de ensino fundamental, médio, técnico e superior.
O investimento em educação não é somente no conhecimento. O jovem é criativo e tem o ímpeto de mudar o mundo. Se ele canalizar toda essa vontade para criar soluções novas com e sistemas novos será poderoso.
Essa semana conversei com o representante da Innospace no Brasil, David Ju Gong; com o coordenador de negócios da Innospace, Arthur Bahdur, e com Rafael Aroca, da Olimpíada Brasileira de Satélites. Discutimos sobre o avanço tecnológico e a necessidade de profissionais e demanda por educação na área espacial. As entrevistas estão no meu Podcast youtube.com/@astropontes
O setor espacial vai muito além das comunicações e monitoramento do meio ambiente. São vários os segmentos. Portanto, temos dois desafios: inovação e educação. Juntos, são capazes de transformar o Brasil em um protagonista na tecnologia do futuro e do espaço.