Em 2019, como Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Astronauta Marcos Pontes e o Presidente Jair Bolsonaro recebem, no Palácio do Planalto, os estudantes do SESI de Goiânia, ganhadores do Champion 's Award do Torneio de Robótica realizado na Universidade da NASA, em West Virginia, com a invenção do chiclete com pimenta.Também conquistaram o segundo lugar com a construção de um robô de cinco garras.
Foto: Isac Nóbrega/PR
Em 2019, como Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Astronauta Marcos Pontes e o Presidente Jair Bolsonaro recebem, no Palácio do Planalto, os estudantes do SESI de Goiânia, ganhadores do Champion 's Award do Torneio de Robótica realizado na Universidade da NASA, em West Virginia, com a invenção do chiclete com pimenta.Também conquistaram o segundo lugar com a construção de um robô de cinco garras.


Brasil é um país de oportunidades. Mas para que uma nação cresça e prospere, é preciso que suas empresas estejam com boa saúde financeira e sejam bem-sucedidas. Para isso, é preciso investir em inovação. A  tecnologia jamais deve ser vista como uma ameaça aos empregos, mas como uma transformação necessária e positiva. Não faz sentido subutilizar o potencial humano em funções que podem ser realizadas por máquinas. A tecnologia pode e deve ser usada para liberar o ser humano dessas tarefas para levá-los a empregos que demandam o uso do cérebro, a parte mais nobre do ser humano. E para proporcionar maior produtividade e eficiência, além de aumentar a qualidade dos produtos, investir em robótica e automação é fundamental para a sobrevivência das indústrias e das empresas.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Astronauta Marcos Pontes com alunos do SESI em Campo Grande, em 2019
Reprodução
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Astronauta Marcos Pontes com alunos do SESI em Campo Grande, em 2019


No Brasil, a indústria da robótica se prepara para um crescimento significativo nos próximos anos. Esta expansão é impulsionada pela adoção de soluções automatizadas nas empresas e nas indústrias em diversos setores da  economia.Relatório Report 2024 mostra que a automação, eletricidade, eletrônica, fabricação de máquinas e produção de alimentos e bebidas são os principais setores que contribuem para esse crescimento devido à sua forte demanda por soluções de robótica em suas operações. Ainda segundo o relatório, as melhorias contínuas na tecnologia e a necessidade de otimizar a cadeia de produção são outros fatores que aumentam as capacidades dessas soluções. Apesar dos desafios do setor, como os altos custos iniciais e a falta de infraestrutura adequada em algumas áreas, os benefícios a longo prazo, como maior eficiência, redução de custos operacionais e melhor qualidade do produto, devem superar essas dificuldades.

Índice de Automação de Empresas 2022, de junho de 2023, da GS1 Brasil, diz que nos últimos seis anos, o Brasil avançou na adoção de novas tecnologias que visam maior produtividade, redução de custos e maior controle das atividades empresariais. Segundo o índice, a automação está ligada não só aos processos, mas também na forma de gestão dos negócios. O uso inteligente das informações torna-se essencial se uma empresa quer se manter competitiva. É importante destacar que o mundo enfrentou uma pandemia que mudou radicalmente a maneira como as empresas operam e se relacionam com a remodelação de estruturas, diversificação dos negócios e novas formas de atuação.

Em 2021, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Astronauta Marcos Pontes, é recebido por robô em stand na feira de tecnologia Gitex - Expo 2020, no Dubai World Trade Center, nos Emirados Árabes Unidos.
Foto: Poder 360
Em 2021, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Astronauta Marcos Pontes, é recebido por robô em stand na feira de tecnologia Gitex - Expo 2020, no Dubai World Trade Center, nos Emirados Árabes Unidos.


Conforme a GS1 Brasil, o índice de automação do setor industrial destaca-se nas dimensões de Relacionamento com Colaborador e Relacionamento com Cliente, que atingiram níveis inéditos em comparação com anos anteriores. Essas áreas foram influenciadas pelo aumento do trabalho remoto dos colaboradores e pelo crescimento da importância da otimização e personalização do atendimento ao cliente. Outro fator de destaque é a descentralização da automação industrial no país pela criação de novos pólos industriais. Como resultado, quase todas as regiões apresentaram crescimento no índice de automação. É possível perceber que, a partir de 2019, indústrias de grande porte tiveram uma recuperação do índice, que só ocorreu para empresas de pequeno e médio porte em 2022. Nos setores de Sistemas, Logística e Fábrica, as grandes empresas chegam a ter um índice duas vezes maior do que nas pequenas.

Já o setor de Comércio e Serviços, quase todos os setores tiveram crescimento, mas os destaques vão para o “Relacionamento com Cliente” e “Loja”, que cresceram em relação ao ano de 2021 e apresentaram o maior índice dos últimos anos. Algumas regiões tiveram crescimento significativo como sudeste (23%), sul (28%) e norte (44%). Após dois anos de queda no índice, houve uma recuperação em 2019. As empresas de médio porte tiveram desempenho linear e as de grande porte cresceram em 2022, principalmente nos setores de Logística, Sistemas e Relacionamento com o Colaborador.

Astronauta Marcos Pontes participa do Torneio Sesi de Robótica, em 2018
Reprodução
Astronauta Marcos Pontes participa do Torneio Sesi de Robótica, em 2018


Índice de Automação dos Consumidores apresentou uma alta de 26% em 2021 e de 4% em 2022. Setores como Aplicativos, Eletrodomésticos, e Residência apresentaram crescimento entre os anos de 2021 e 2022, no entanto, itens pessoais se manteve estável na última medição. O Sudeste e o Sul são as regiões que apresentam o maior índice de automação, respectivamente.

Segundo o estudo  Tecnologias Digitais Avançadas, Trabalho e Cibersegurança, da Pesquisa e Inovação (PINTEC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 85% das indústrias utilizaram pelo menos uma tecnologia digital avançada em 2022.

Internet das Coisas (IOTs):  48,6%;

Robótica: 27,7%;

Análise de big data: 23,4%;

Manufatura aditiva: 19,2% e

Inteligência artificial:  16,9%.

Somente quase 4% das empresas utilizaram todas as tecnologias digitais avançadas. A maioria (31,5%) utilizaram duas tecnologias. Essa avaliação permite entender a geração de novos modelos de negócios. As tecnologias digitais avançadas divididas por setores foram:

Fabricação de Máquinas e Equipamentos: 94.5%;

Indústrias Extrativas: 92,2%;

Fabricação de Produtos Diversos: 92%;

Fabricação de Produtos de Metal: 91,9%;

Fabricação de Bebidas: 91,6%;

Fabricação de Produtos de Madeira: 72,2%;

Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios: 71,6% e

Fabricação de outros equipamentos de transporte: 68,2%

Administração e comercialização são as que mais utilizaram análise de big data (23,4%);  mais de 90% das empresas utilizaram computação em nuvem na área de administração (73,6%); a área de logística é a que menos utiliza inteligência artificial (16,9%); a internet das coisas é mais utilizada na área de produção (48,6%) e a manufatura aditiva se destaca na área de desenvolvimento de projetos (19,2%).

A área de produção concentra aplicação de robótica (27,7%), a tecnologia que usa os robôs a partir da estrutura mecânica, sensores, unidades de computação e unidades de controle na produção (90,4%); no desenvolvimento de projetos de produtos, processos e serviços (63,1%); na logística (34,1%) e na comercialização (25,8%).

Outra análise baseada no estudo da robótica aponta que o ano de 2020 foi o terceiro maior em número de instalações operacionais de robôs no mundo. Segundo a publicação da IFR  “World Robotics 2021” da International Federation ofRobotics (IFR), o estoque operacional chegou a mais de 3 milhões de robôs no mundo, sendo o segmento de eletroeletrônicos o principal antes do automotivo e metais e máquinas.

A automação em robótica, os robôs inteligentes conectados, tem ganhado visibilidade em novas e tradicionais indústrias. Conforme a IFR, cinco cenários são vistos como tendências.

Robôs para Novas Indústrias: Há uma crescente demanda por robôs capazes de personalizar produtos e otimizar entregas.

Robôs Fáceis de Usar: A tendência é para interfaces de usuário simplificadas, como a programação por ícones, que facilita a operação dos robôs.

Requalificação de Robôs e Humanos: As empresas estão investindo em treinamento interno e requalificação para preparar trabalhadores e robôs para uma nova era de colaboração.

Robôs Garantem a Produção: A produção está cada vez mais automatizada e robotizada, assegurando eficiência e consistência.

Robôs Suportam a Automação Digital: Os robôs estão facilitando a fabricação futura ao apoiar a automação digital.

O mercado precisa estar atento às mudanças e às tendências. Com a capacidade dos robôs de compartilhar tarefas e aprender por meio da inteligência artificial (IA), as empresas podem implementar a automação inteligente com maior facilidade em diversos ambientes. A IA na robótica está avançando, e os robôs de aprendizado estão se tornando cada vez mais comuns. O setor está saindo da fase piloto, e espera-se uma adoção mais ampla dessas tecnologias futuramente.

É importante destacar os principais "aceleradores de tecnologia" para a robótica industrial flexível, ainda segundo a IFR: tecnologia em nuvem, 5G, modelos de negócios como Robots-as-a-Service, além da padronização e “plataformização” (como lojas de aplicativos, plataformas de vendas e soluções plug & play).

Ainda segundo o estudo do IBGE, as empresas apontaram a flexibilidade como o maior benefício no uso das tecnologias. Maior flexibilidade nos processos administrativos, produtivos e organizacionais  foi o benefício mais apontado pelas empresas no uso das tecnologias. Além do aumento da eficiência e a melhoria no relacionamento com o cliente / fornecedores. Dos fatores negativos a implementação das novas tecnologias estão o alto custo, falta de pessoal qualificado, riscos econômicos excessivos e a limitada oferta de pessoal qualificado no mercado.

No Brasil, a carga tributária é um desafio significativo para os empresários. É importante encontrar maneiras de beneficiar esses empreendedores e ajudar a indústria a crescer. Devemos incentivar quem mais gera empregos para continuar fazendo isso, pois, no fim das contas, os impostos acabam sendo repassados ao consumidor final, tornando os produtos mais caros.

Queremos inspirar as pessoas a se tornarem empresárias, pois acreditamos que o verdadeiro crescimento econômico vem do setor privado. Ao contrário da percepção comum, quem realmente gera empregos não é o governo, mas as empresas saudáveis e prósperas. Elas são fundamentais para o crescimento de um país.

Se estrangularmos o setor privado, estrangulamos o país. O governo depende da arrecadação proveniente das empresas para funcionar. Um fato econômico básico que se aplica a todos os países desenvolvidos é ter um setor privado operante, senão estamos comprometendo o futuro da nação.

Ser empreendedor é correr riscos constantemente. Se o governo brasileiro aumenta esses riscos, desestimula-se a iniciativa empresarial, levando muitos a buscar oportunidades fora do país. Elevar tributos sem avaliação adequada das consequências pode levar à saída de empresas do país. Sem uma indústria ou setor privado operante, estamos condenados ao fracasso.

Vivemos em um período de transformação sem precedentes na automação dos processos, na inovação e na robótica, com uma rápida aceleração e adaptação de seu uso em diversos setores da indústria e dos serviços. Além dos desafios geopolíticos, uma nova ordem se estabelecerá na próxima década. No entanto, há uma perspectiva positiva: segundo a IFR, "a colaboração entre humanos e robôs ainda está em sua infância".

Em tempos de dificuldades, persistência e resiliência são essenciais. Deus ajudará a todos nós, mas precisamos fazer a nossa parte. Acreditamos que, juntos, podemos transformar o Brasil em um verdadeiro celeiro de oportunidades.

** Marcos Pontes é mestre em Engenharia de Sistemas e o primeiro astronauta profissional a representar oficialmente um país do hemisfério sul no espaço. Foi ministro das Comunicações (2019-2020) e da Ciência, Tecnologia e Inovações (2020-2022). Atualmente é senador da República por São Paulo, cargo para o qual foi eleito com mais de 10,7 milhões de votos. Entusiasta do avanço das tecnologias de inteligência artificial, defende o desenvolvimento econômico e social do país por meio do conhecimento, da educação, da ciência, da tecnologia, da inovação e do empreendedorismo.

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