Ao lado de plataformas como AliExpress e Banggood, a Gearbest aparece na lista das maiores lojas online para compra de produtos chineses. Ou melhor, aparecia: o site da empresa está offline há cerca de dez dias e os seus canais nas redes sociais estão há mais de um mês sem atualização.
Toda tentativa de acesso ao site da Gearbest leva para um aviso de "Invalid URL". Com quase 5 milhões de curtidas, a página da loja no Facebook não exibe nenhum aviso sobre o que aconteceu. Clientes têm usado a última publicação feita ali, datada de 7 julho, para reclamar da falta de explicações e da não entrega de produtos.
O canal da Gearbest no YouTube não é atualizado há dois meses e a conta da loja no Instagram não existe mais. No Twitter, o perfil oficial está ativo, mas não é atualizado desde abril de 2020.
O que aconteceu com a Gearbest?
Sem um anúncio oficial, não dá para saber ao certo. Mas o Gizchina aponta que os primeiros indícios de que a situação não estava favorável para a Gearbest surgiram em 2020. O veículo recebeu vários relatos de compradores da loja que, desde aquele ano, não recebem produtos ou reembolsos, bem como de afiliados com dificuldades para obter comissões.
A situação se agravou no começo de 2021, quando clientes mais assíduos perceberam que os preços da loja já não eram tão vantajosos como antes.
Ao contrário do AliExpress, que funciona como um grande marketplace, a Gearbest priorizava o modelo tradicional de comércio eletrônico e, para se tornar conhecida globalmente, tinha uma política de preços bastante agressiva. Praticar preços mais altos de uma hora para outra sugere falta de caixa ou dificuldades de financiamento.
Outra estratégia que contribuiu para a popularidade da loja foi o seu programa de afiliados. A Gearbest tinha parcerias com muitos youtubers, por exemplo, inclusive no Brasil. Porém, também no início do ano, a empresa mudou o programa e tornou o pagamento de comissões mais difícil. Eis outro sinal de que as coisas não iam bem.
Ao mesmo tempo, problemas de atraso na entrega de produtos e falta de suporte a clientes se intensificaram. O Gizchina afirma que tentou contatar a Gearbest, mas não obteve retorno.
Recuperação judicial
O principal sinal de alerta surgiu em junho, quando a Shenzhen Globalegrow E-Commerce Co., companhia chinesa que controla a Gearbest, deu entrada em um pedido de bancarrota, procedimento que, no Brasil, corresponde a um processo de recuperação judicial.
Desde então, não houve notícias a respeito. É possível, porém, que o processo de recuperação judicial tenha exigido ajustes operacionais que inviabilizaram a continuidade da Gearbest.
Até o momento, outras lojas controladas pela Shenzhen Globalegrow, como Zaful e Chinabrands, continuam funcionando.