Era outubro de 2020 quando a SpaceX enviou os primeiros convites para o beta público da Starlink, serviço de acesso à internet por satélites. Apesar de o projeto ainda não ter alcançado a meta de qualidade estabelecida pela companhia, o número atual de satélites abre caminho para a próxima fase. É o que Elon Musk dá a entender: no Twitter, o executivo afirmou que o programa beta da Starlink termina no próximo mês.
Nesse meio tempo, alguns problemas importantes foram identificados. A SpaceX descobriu que árvores podem interferir na captação de sinal pelas antenas (limitação que pode ser solucionada com um reposicionamento) ou que estas podem sofrer um "desligamento térmico" em ambientes muito quentes, por exemplo.
Identificar problemas ou limitações faz parte dos propósitos de um programa beta, assim como a mensuração de parâmetros de desempenho. A própria SpaceX revela que o serviço pode alcançar taxas de transferência de dados entre 50 e 150 Mb/s (megabits por segundo) no atual estágio.
São números muito interessantes, principalmente se considerarmos que, hoje, a fase beta da rede Starlink atende a mais de 100 mil clientes em 14 países e conta com cerca de 1.800 satélites.
A SpaceX revelou, em seu plano inicial, o objetivo de colocar 12 mil satélites Starlink em operação. Essa meta foi revisada. A companhia já fala em fazer esse total chegar a 42 mil unidades no longo prazo. Se com 1.800 satélites a empresa consegue oferecer um serviço minimamente satisfatório, imagine com um número muito maior de unidades.
Starlink terá mudança de preços?
Os participantes da fase beta da Starlink pagam US$ 99 pelo serviço de acesso à internet e, antes de se tornarem assinantes, tiveram que adquirir o kit de instalação (com antena e roteador) por US$ 499.
Quando questionado no Twitter sobre o momento em que a Starlink deixará a fase beta, Elon Musk simplesmente respondeu com "no próximo mês" (outubro), mas não informou se haverá mudanças nos preços. As chances de isso acontecer são grandes, porém.
É possível inclusive que os preços aumentem. Uma das razões para isso é o fato de os custos de operação variarem de país para país por conta de fatores como variação cambial, impostos e licenças.
Outra é o fato de a operação por satélites ser muito cara. Se por um lado a SpaceX consegue oferecer um mínimo de qualidade de serviço com os cerca de 1.800 satélites atuais, por outro, essa quantidade limita o número de usuários que a Starlink pode atender.
É de se presumir que o serviço somente será rentável para a SpaceX quando tiver uma base muito maior de usuários do que os 100 mil atuais. Só nos Estados Unidos, a companhia tem permissão para oferecer o serviço a 1 milhão de assinantes e vem tentando expandir esse total para 5 milhões.
Entretanto, o próprio Elon Musk comentou em uma ocasião anterior que a SpaceX enfrentará um grande desafio operacional quando chegar à casa dos milhões de usuários.
E o Brasil?
Em maio, a SpaceX pediu à Anatel permissão para explorar seu serviço de internet por satélites no Brasil. Desde então, residentes no país podem se cadastrar no site da Starlink para manifestar interesse pela modalidade.
Ainda não está claro, porém, se o fim do programa beta da Starlink em outubro afetará os planos da companhia para o Brasil de alguma forma.