Quem está cansado da mesmice no design dos celulares nos últimos anos e procura algo diferente tem bons motivos para comemorar. Em cerca de uma semana nada menos do que dois smartphones dobráveis chegaram ao mercado nacional, ressuscitando o design “ flip ” que era febre até a popularização dos smartphones há pouco mais de uma década.
O Galaxy Z Flip e o Motorola Razr têm abordagens diferentes: enquanto o modelo da Samsung foi feito para ser um “topo de linha”, capaz de competir em especificações com os melhores aparelhos do mercado, o smartphone da Motorola tem hardware mais modesto e aposta na nostalgia para cativar os consumidores.
Entretanto, eles chegam ao mercado com o mesmo preço, o que torna uma comparação direta inevitável. Na dúvida sobre qual escolher? Veja a seguir os pontos fortes e fracos de cada um.
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Design
Diz o ditado que “a beleza está nos olhos de quem vê”, então este é um ponto bastante subjetivo. O Galaxy Z Flip tem um design mais conservador, quadradão, que quando fechado lembra um Gameboy Advance SP ou o velho Motorola Flipout. O que chama a atenção é o acabamento espelhado, mas embora lindo nas fotos ele acumula marcas de dedos com uma facilidade imensa. Não é recomendado para quem tem obsessão por deixar o smartphone impecavelmente limpo.
Já o Razr evoca a nostalgia pelo “velho Razr", o primeiro “ fashion phone ”, que foi uma febre mundial quando foi lançado em 2004 e que vendeu mais de 130 milhões de unidades mundialmente ao longo de quatro anos no mercado. Até mesmo o tradicional “queixo” na base do aparelho está presente, usado para abrigar o sensor de impressões digitais e alto-falantes.
Um ponto negativo para o aparelho da Motorola é que ele está disponível apenas na cor preta. Uma decisão estranha, já que o Razr original era conhecido pelas suas variantes em cores como “Hot Pink” e dourado, uma inovação na época. Já o Galaxy Z Flip tem versões em roxo, preto e, em alguns mercados, dourado (ainda não sabemos se este estará à venda no Brasil).
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Tela
Aqui, o Razr tem pontos fortes e fracos. Por um lado, a tela interna é menor e tem resolução mais baixa que a do Galaxy Z Flip . São 6,2 polegadas com 876 x 2142 pixels, contra 6,7 polegadas e 1080 x 2636 pixels no aparelho da Samsung .
Ambas são telas flexíveis com tecnologia OLED, mas há um diferencial muito importante: o Razr tem uma tela de plástico, que é bastante delicada, assim como as telas de outros dobráveis como o Galaxy Fold ou Huawei Mate X . Há relatos de telas nas mãos de usuários, ou em pontos de venda, falhando após poucos dias de uso.
Já a tela do Galaxy Z Flip é coberta por vidro flexível , o que em teoria lhe dá maior resistência. Entretanto, isso só poderá ser comprovado na prática. O fato é que a tecnologia de telas flexíveis ainda está na sua infância, e as fabricantes ainda têm muito a aprender até chegarmos à confiabilidade das telas rígidas tradicionais.
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No quesito tela externa, o Razr leva vantagem, já que usa uma tela OLED de 2,7 polegadas com resolução de 600 x 800 pixels. Parece pouco, mas é o suficiente para que possa ser usada para ler notificações e mensagens , ou como viewfinder para que você possa fazer selfies usando a câmera traseira, com o aparelho fechado.
Você viu?
A tela externa o principal ponto fraco do Galaxy Z Flip . Ela é minúscula: apenas 1,1 polegadas com resolução de 300 x 112 pixels. É espaço suficiente para uma linha de texto ou alguns ícones, mas não mais do que isso. OK, ela até pode ser usada como viewfinder para selfies , mas vai ser difícil compor uma cena com algo tão pequeno. Melhor usar a câmera frontal e a tela interna.
Câmeras
O Galaxy Z Flip tem três câmeras : duas ficam na traseira, uma com uma objetiva normal e outra uma grande-angular, ambas com sensores de 12 MP. A câmera frontal tem um sensor de 10 MP. Um ponto importante é que a objetiva normal tem estabilização óptica de imagem, algo muito útil para evitar fotos “tremidas”, especialmente em condições de pouca luz, quando o obturador fica aberto por mais tempo.
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O Razr tem um conjunto de câmeras mais conservador. Na traseira há apenas uma câmera, com sensor de 16 MP e objetiva normal. Entretanto, há um sensor de profundidade (ToF - Time of Flight) usado para detectar a distância entre a câmera e objetos na cena, o que garante as fotos com o popular “modo retrato”. A câmera frontal tem um sensor de 5 MP, mas considerando que é fácil fazer selfies com a câmera traseira, graças à tela externa, isso não é um ponto tão crítico: é provável que você vá usar a frontal apenas para videochamadas .
Desempenho
Aqui está a principal diferença entre os dois aparelhos. O Razr tem um processador que a própria Qualcomm classifica como "intermediário premium", o Snapdragon 710, acompanhado por 6 GB de RAM e 128 GB de memória interna. Isso é ruim? Absolutamente não, é uma configuração que atende perfeitamente todas as necessidades de um usuário médio no dia-a-dia. Porém… é menos que o oferecido pela concorrência, pelo mesmo preço.
O Galaxy Z Flip tem ficha técnica de um topo de linha. O processador é o Qualcomm Snapdragon 855+ , o mesmo usado em smartphones gamer como o ASUS ROG Phone II, acompanhado por 8 GB de RAM e 256 GB de memória interna.
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Isso vai lhe dar muito mais desempenho em jogos , mas o mais importante é que é uma configuração que vai demorar mais para parecer “lenta”, o que é importante para quem pretende manter o smartphone por muito tempo (algo sensato, considerando os preços).
Bateria
Este é um ponto onde a capacidade da bateria não é a única coisa que importa (o consumo dos componentes no geral e o gerenciamento de energia são tão, ou mais, importantes), porém a capacidade de 2.510 mAh do Razr é preocupante, comparada aos 3.300 mAh do Galaxy Z Flip .
A série 700 de processadores da Qualcomm é conhecida por ter baixo consumo, mas por enquanto não há como saber se é o bastante para compensar a diferença de 24% na capacidade em favor da Samsung .
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Porém, como disse, há muitos outros fatores que influenciam no consumo de bateria , e este é um ponto que só ficará claro após análise dos dois aparelhos no dia-a-dia.
Preço
Ah, o preço… ambos chegam às lojas pelo mesmo valor: módicos R$ 9.000 (ok, R$ 8.999 no caso do Razr). Sim, são muito caros. Mas é o preço a se pagar para ser “ early adopter ” de uma nova tecnologia como a dos smartphones dobráveis . Os primeiros usuários sempre pagam mais caro, até a tecnologia ser barateada e começar a aparecer em aparelhos mais acessíveis. Quem aqui se lembra das primeiras TVs de tela plana, que na época da Copa de 2006 custavam R$ 36 mil?
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Entretanto, é possível comprar smartphones “tradicionais” com especificações similares por muito menos. Como exemplo, um Samsung Galaxy S10+ com 8 GB de RAM e 512 GB de memória interna (duas vezes mais que no Galaxy Z Flip , quatro vezes mais que no Razr ) sai por menos da metade do preço, R$ 4.499,10 no site da Samsung no Brasil.
Mesmo os caríssimos iPhones custam menos que um dobrável . O iPhone 11 Pro , com 256 GB de memória interna, custa R$ 7.799 no site da Apple no Brasil. E menos ainda se você decidir importá-lo: US$ 1.149 (cerca de R$ 4.979 na cotação atual).
A questão não é o preço, é o quão forte é o seu desejo por um smartphone dobrável . Se ele é incontrolável, vá em frente. Mas quem puder esperar mais alguns meses (ou um ano) certamente pagará muito menos.