O Conselho Administrativo de Defesa Econômica ( Cade ) iniciou uma investigação contra o Google , motivada pelo fato de que a empresa exibe pedaços de notícias nos resultados de suas buscas.
A investigação já acontece há algum tempo – ainda sem previsão de término – a fim de averiguar se o Google está realmente operando em uma posição que o favorece.
No processo, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) se manifestou, justificando que o recurso disponível no buscador desestimula pessoas a entrarem nos links das notícias , para ler os conteúdos.
Conhecidos como “snippets”, esses fragmentos de matérias aparecem regularmente quando uma pesquisa é feita no motor de buscas, a fim de apresentar um resumo do assunto para o usuário que realizou a pesquisa.
Uma vez que o recurso informa minimamente sobre um determinado tema, o usuário não precisaria realizar qualquer outra ação, como entrar no link – a não ser que ele esteja realmente interessado em ler sobre aquilo.
Do ponto de vista da ANJ, isso é prejudicial para veículos da imprensa , porque sem o tráfego de usuários entrando nos sites e lendo conteúdos, empresas de comunicação têm suas receitas diretamente impactadas.
As decisões tomadas nos últimos dias em acordos selados com outros países devem trazer algum tipo de resolução em breve para o caso no Brasil .
A briga é longa
Há algum tempo a batalha entre a mídia tradicional e as gigantes de tecnologia pelos conteúdos disponíveis em plataformas da internet vem tomando um rumo diferente.
Em janeiro, o próprio Google ameaçou bloquear usuários australianos caso o país não modificasse um projeto de lei que tinha como principal objetivo cobrar de plataformas um valor por exibir conteúdos noticiosos em suas buscas.
Na França, o Google passou por situação semelhante: a Aliança da Imprensa de Informação Geral (APIG, na sigla em francês), uma entidade que representa cerca de 300 veículos de imprensa no país, selou um acordo para remunerar membros da aliança pelo uso de trechos de conteúdos em serviços como o News Showcase.
O Facebook também já foi requisitado na briga australiana: a rede social compartilha conteúdos noticiosos em sua plataforma e, da mesma forma que o Google, não paga aos veículos pela exibição. No caso, o Facebook chegou a bloquear a exibição de notícias para usuários australianos, antes de conseguir entrar em um acordo com o governo local .