O Twitter respondeu nesta quinta-feira (27) à ação da polícia indiana de visitar de surpresa os escritórios da empresa no país, que seguem fechados devido a pandemia da Covid-19 . Para a companhia, o ato sugere uma forma de intimidação e afirmou estar preocupada com "a potencial ameaça à liberdade de expressão sobre os usuários".
Segundo o TechCrunch , o Twitter acredita que os novos direcionamentos da polícia – assim como a implementação das novas regras de TI pela capital da Índia, Nova Delhi – é uma resposta aos novos termos de serviço globais implementados pelas redes sociais e também pela rede ter se recusado a bloquear contas que criticavam as reformas propostas pelo governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
"Pretendemos defender mudanças nos elementos dessas regulamentações que inibem a conversação pública aberta e gratuita. Continuaremos nosso diálogo construtivo com o governo indiano e acreditamos que é fundamental adotar uma abordagem colaborativa. É responsabilidade coletiva das autoridades eleitas, da indústria e da sociedade civil salvaguardar os interesses do público", disse um porta-voz do Twitter .
A rede social disse, ainda, que os novos requisitos representavam um alcance perigoso e que era inconsistente com os princípios abertos e democráticos. A empresa solicitou que eles considerassem o prazo de conformidade de três meses para cumprir as regras.
Na quarta-feira (26), o WhatsApp também entrou na briga contra a Índia e abriu um processo contra as novas regras impostas pelo governo . Para o mensageiro, as normas colocam em risco a criptografia de ponta a ponta e a privacidade dos usuários. Em nota, o WhatsApp disse que iria tentar negociar com o governo indiano para encontrar um meio-termo.
A índia é o segundo maior mercado de internet do mundo e, para ter cada vez mais pessoas conectadas, o investimento em tecnologia por empresas americanas no país na última década somou bilhões de dólares. Segundo estimativas do governo indiano, o Twitter possui localmente 175 milhões de usuários; e no WhatsApp , o número chega a 530 milhões também na Índia.
Novas regras de TI na Índia
As novas regras de TI foram implantadas pela Índia em fevereiro deste ano e o país deu às empresas três meses para se adequar ao padrão. O prazo terminou esta semana e, na quarta-feira (26), o Ministério de Eletrônica e TI pediu uma atualização pela não conformidade das companhias.
Nesta quinta-feira (27), o Ministério da Índia soltou outra nota em resposta às alegações do Twitter. "O governo se opõe fortemente às afirmações feitas pelo Twitter hoje. A Índia tem uma tradição gloriosa de liberdade de expressão e práticas democráticas que remonta a séculos. Proteger a liberdade de expressão na Índia não é a prerrogativa de uma entidade estrangeira privada com fins lucrativos como o Twitter, mas é o compromisso da maior democracia do mundo e suas instituições robustas", diz a nota, que tem três páginas.
O presidente executivo do Google
, Sundar Pinchai, também se pronunciou nesta quinta-feira, afirmando que a empresa de busca e tecnologia vai se adequar e cumprir todas as novas regras de TI impostas pelo país.
"É obviamente o começo e nossas equipes locais estão muito engajadas. Você sabe que cumprimos as leis locais e vamos abordar isso com a mesma estrutura", disse, em comunicado. Entretanto, explicou que também querem "respeitar os processos legislativos nos países democráticos".