"Enquanto vocês me ouviam falar, a Netflix foi ao ar em mais de 130 países. Estamos em todos os lugares do mundo, menos na China, onde esperamos chegar um dia", disse Reed Hastings ao final da sua palestra na CES 2016 . A feira, que acontece anualmente em Las Vegas, nos Estados Unidos, abre suas portas neste 6 de janeiro. "Vocês estão testemunhando um momento histórico que é parte de uma revolução televisiva, o nascimento de uma nova rede mundial de TV por internet. Chega de ficar refém da grade de horários, o controle está nas mãos do usuário", provocou o executivo, entusiasmado com o anúncio.
Até então, a Netflix estava presente em 60 países ao redor do mundo. Agora, chega a 190 países. Grande parte da demora do serviço de operar em algumas regiões do planeta se deve a dificuldade de fechar acordos envolvendo direitos autorais com representantes legais. Em geral, cada país tem suas próprias regras. Além da China, a Netflix ainda não funciona na Crimeia, região da Ucrânia, Coreia do Norte e Síria, devido a restrições do governo dos Estados Unidos a empresas americanas. Embora ainda esteja disponível em inglês nesses novos mercados, a Netflix passa a oferecer conteúdo em árabe, coreano, chinês simplificado e tradicional, além dos 17 idiomas já disponíveis.
No entanto, mesmo sendo o mais importante serviço de streaming do mundo, a Netflix ainda pisa em ovos com alguns de seus parceiros de negócios. Reed Hastings disse também em sua apresentação na CES 2016 que espera que a Netflix seja igualmente importante para seus parceiros, isto é, tanto quanto essas parcerias são para a empresa norte-americana de alcance global. Se, por um lado, a Netflix já conquistou as fabricantes de eletrônicos e é cada diz mais bem aceito na indústria cinematográfica, por outro, ainda enfrenta resistência de algumas operadoras de internet, e não apenas nos Estados Unidos. Até no Brasil, o uso cada vez mais intensivo de Netflix na rede das empresas de telecomunicações já virou motivo de debate, mesmo com a neutralidade da rede assegurada pelo Marco Civil.
Sem entrar na discussão, porém, Hastings disse que a Netflix está trabalhando forte para melhorar a compressão de dados e que seu sonho é que a Netflix possa rodar com rapidez em qualquer dispositivo em redes de qualquer qualidade. "Fazemos isso de graça porque queremos ajudar as operadoras a gerenciar o tráfego dos nossos usuários em suas redes", afirmou. Hastings também afirmou que com sua mensalidade acessível ajuda a combater a tão temida pirataria de filmes e séries e que ao produzir conteúdo próprio já se tornou a maior produtora 4K do mundo.
Além disso, o CEO da empresa afirmou que até o final do ano seus conteúdos e sua tecnologia de transmissão será compatível com o High Dynamic Range (HDR), recurso presente em grande partes das televisões anunciadas na feira em Las Vegas.
*A jornalista viajou a convite da Samsung para a CES 2016.