O Messenger, aplicativo de mensagens do Facebook , lançou na última terça-feira (15) uma atualização que pode ajudar as vítimas de assédio a incriminarem agressores sobre as violências sofridas na plataforma, conforme publicou o portal internacional Digital Trends . Isso porque, com a mudança, os usuários poderão denunciar a mensagem recebida para que seja revisada pela rede social.
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Para fazer a denúncia pelo smartphone, basta clicar na conversa e pressionar o “i” que aparece no canto superior direito da tela do Messenger . Em seguida, deve aparecer uma lista com diversas opções que vão desde “Notificações” até “Há algo errado”, é nesta última opção que a denúncia pode ser feita.
Ao clicar em “Há algo errado”, o Facebook quer saber o que está acontecendo nessa conversa e oferece algumas hipóteses como: assédio, suicídio ou automutilação, fingindo ser outra pessoa, compartilhando coisas impróprias, discurso de ódio e vendas não autorizadas.
Vale destacar que, no mesmo menu, as vítimas podem ignorar ou bloquear o usuário responsável pelo assédio para evitar que uma nova mensagem seja recebida através do aplicativo.
De acordo com o gerente de produto do app, Hadi Michel, os relatórios de denúncia podem ser lidos em mais de 50 idiomas, o que significa que a comunidade do Facebook avaliará os problemas com mais rapidez para que as pessoas continuem com experiências positivas na plataforma.
Ainda no mesmo dia, o aplicativo de mensagens lançou o “Portal da juventude”, uma ferramenta criada para ajudar os jovens adolescentes a navegar de forma saudável pela plataforma.
Segundo o Digital Trends , há uma seção de educação que compartilha informações sobre como permanecer seguro e que explica as políticas de dados do Facebook. Além disso, no portal, é possível aprender mecanismos para ter uma navegação mais segurança e com orientações de como selecionar o que é legal ser compartilhado ou não.
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No Twitter
De acordo com a agência Reuters , outra plataforma que está revisando as estratégias de combate ao abuso é o Twitter . Também na última terça-feira, o app, que conta com 336 milhões de pessoas ativas diariamente, anunciou novas políticas para identificar assediadores.
No final de março, o portal internacional The Guardian publicou os resultados de um relatório feito com 1,1 mil mulheres do Reino Unido. Segundo a apuração, 78% delas não se sentem seguras em compartilhar suas opiniões no Twitte r porque consideram a rede social uma plataforma que não está disposta a protegê-las de ataques e abusos misóginos. O dado faz parte da pesquisa #TwitterTóxico: Violência e abuso contra mulheres na internet .
Segundo a Anistia Internacional, organização não governamental que defende os direitos humanos e responsável pelo estudo, o Twitter respondeu de maneira inconsistente quando questionado sobre quais medidas têm adotado para proteger as mulheres de abusos e violências online.
Com isso, a instituição acusou a rede social de desrespeitar os direitos das mulheres e o resultado disso, de acordo com a Anistia, foi diversas ameaças de morte, estupro, além de ataques racistas, transfóbicos e homofóbicos contra mulheres.
Após notar que esses ataques pessoais podem afastar os usuários da plataforma, o presidente-executivo do app, Jack Dorsey, disse que à Reuters que a empresa trabalhará na problemática, examinando o comportamento das pessoas por meio da frequência com que um determinado usuário tuíta sobre um perfil que não segue ou se essa pessoa confirmou o endereço de e-mail vinculado à conta com "comportamento suspeito".
Ao detectar esses perfis, o Twitter deve usar algoritmos para colocar essas contas controversas nos últimos resultados de pesquisa ou respostas a outros tuítes, ainda que os próprios posts não tenham nada de suspeito. Dorsey ainda disse que nenhum conteúdo será retirado pela plataforma somente pelo comportamento detectado pela empresa na nova lógica.
Vale destacar que, na época da publicação da pesquisa, o Twitter se posicionou dizendo que discorda das conclusões da Anistia Internacional, uma vez que "o app não é capaz de eliminar o ódio e o preconceito da sociedade". Além disso, a rede social informou que fez mais de 30 mudanças nos últimos 16 meses para melhorar a segurança de seus usuários, incluindo sobre tuítes abusivos.
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Aplicativos de transporte
O assédio, infelizmente, é um assunto que vai muito além das plataformas digitais. Para ajudar no combate a essa violência, os aplicativos de transporte Uber e Lyft acabaram de lançar uma política capaz de dar às vítimas o controle sobre histórias que envolvem incidentes de assédio ou agressão sexual entre motoristas e clientes.
Antes, para que a vítima – tanto motorista quanto solicitante – fizesse uma denúncia de abuso, por exemplo, o regulamento das empresas previa que acordos de confidencialidade fossem feitos. O que, automaticamente, impedia que as pessoas contassem sobre o ocorrido publicamente.
Desta forma, com a mudança, as vítimas poderão escolher se usarão a mediação da empresa de transporte sob confidencialidade, como era antes, ou se preferem entrar com um processo na Justiça comum, incluindo até mesmo uma ação civil pública contra as empresas.
Além disso, com a nova política, caso seja feito um acordo amigável com as empresas de transporte, as vítimas não precisarão assinar um documento de confidencialidade sobre o ocorrido durante o andamento dos processos.
O diretor jurídico da Uber, Tony West, ainda disse que, em breve, a empresa deve começar a publicar periodicamente um relatório de transparência incluindo dados sobre casos de agressões sexuais e outros incidentes que aconteceram na plataforma de serviços. A empresa ainda não forneceu nenhum dado numérico sobre os abusos e agressões sexuais.
Ainda de acordo com a Reuters , os casos anteriormente assinados entre as vítimas e a Uber não serão revistos sob a ótica da nova política implantada.
Vamos acompanhando as ações de outras plataformas além do Messenger , Twitter, Uber e Lyft sobre políticas relacionadas à proteção e prevenção de vítimas.