A expectativa é que o Android domine o mercado de games no ano que vem.
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A expectativa é que o Android domine o mercado de games no ano que vem.


Não é de hoje que os sistemas operacionais Android e iOS disputam para ver quem se sai como o queridinho entre os usuários. E, na indústria dos games , não poderia ser diferente. Uma pesquisa recente revelou que o Android deve dominar o mercado mundial de games em 2020, ultrapassando o iOS.

No mundo todo, o Android já representa 85% do mercado de smartphones . Mas, quando falamos de jogos , o iOS ainda é o mais utilizado. Essa lógica, porém, vem se invertendo. Segundo um relatório realizado pela Liftoff, empresa de marketing e retargeting de aplicativos para dispositivos móveis, os games  vêm crescendo no Android. 

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O motivo da previsão está diretamente relacionado ao custo para adquirir usuários em cada um dos sistemas . Segundo dados da pesquisa,  para adquirir um usuário de games no Android são gastos US$3,21, enquanto, no iOS, esse valor é de US$4,85 - uma diferença de mais de 50%.

Esses valores são resultado da divisão entre o que foi investido em ações de marketing e vendas dos games , dividido pelo número de clientes adquiridos por essas ações. Com essa diferença, investir em jogos para o Android passa a ser mais vantajoso. 

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Quais são os hábitos dos gamers no Android e no iOS

Gamers baixam jogos do mesmo tipo tanto no Android como no iOS
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Gamers baixam jogos do mesmo tipo tanto no Android como no iOS


Além das diferenças técnicas, os usuários de cada um dos sistemas também apresentam comportamentos diferentes.

Para o Country Manager brasileiro da empresa internacional especializada em desenvolvimento de jogos Gameloft, Felipe Sartori, no geral, o público acaba optando pelos mesmos tipos de jogos no Android e no iOS, embora a quantidade de downloads seja maior no Android. 

Alexandre Papanis também sentiu essa diferença. Em julho, o desenvolvedor iOS lançou, junto com o amigo Rodrigo Ferreira, desenvolvedor Android, um jogo casual chamado Uniko .

Segundo ele, o número de downloads vem desempenhando muito bem em ambos os sistemas operacionais, mas o sucesso é maior no Android. “Os downloads do jogo se dividem em 75% Android e 25% iOS”, conta. Para ele, isso se dá, sobretudo, pelo fato do mercado brasileiro ser dominado por dispositivos Android. 

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Se no mundo o sistema operacional do Google representa 85% do mercado, no Brasil esse número sobe para 95%. Além desse fato, o tipo de jogo desenvolvido por Alexandre e Rodrigo poderia também explicar o sucesso no Android.

Segundo Felipe, os jogos que acabam tendo mais downloads no iOS (quando em comparação com o Android) são aqueles mais pesados. “Existem muito, mas muito mais aparelhos Android mid-end do que aparelhos iOS mid-end.

Por isso, alguns jogos mais pesados acabam sendo mais baixados na App Store do que no Google Play , já que, normalmente, os usuários iOS tem aparelhos de última geração”, esclarece Felipe. 

Outra grande diferença de comportamento é que os usuários iOS costumam fazer bem mais compras in-app (aquelas feitas dentro do aplicativo , para ganhar mais vidas ou ítens dos jogos) do que usuários Android.

Segundo a pesquisa da Liftoff, porém, essa diferença vem diminuindo. Em comparação com o ano passado, o número de gamers que fazem compras in-app no iOS caiu de 21% para 13,2% em todo o mundo. No Android, esse valor é de 9,5%.

Essa queda também é um dos motivos pelos quais o Android tende a ultrapassar o iOS no mundo dos games em 2020.

“Em termos de monetização, o usuário do iOS tende a fazer mais compras in-app, mas diante do volume de downloads, a receita entre as duas plataformas fica bem equiparada”, afirma Felipe. 

Como o mercado brasileiro de jogos mobile se comporta?

Aqui no Brasil, o sistema Android domina o mercado geral de forma mais expressiva que no cenário mundial. E isso acaba refletindo também nos games, como Felipe e Alexandre observaram.

Mas, de modo geral, o Brasil tem um potencial muito grande para os jogos mobile. Por aqui, o celular já se tornou a principal forma de acesso à internet , o que também favorece a indústria de games mobile, quando comparada a outras mídias (como computadores e videogames).

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Ainda segundo a pesquisa da Liftoff, o Brasil tem um dos menores preços de aquisição de usuários dentre os países analisados: US$1,42.

Apesar disso, o mercado brasileiro tem muitas especificidades que devem ser levadas em consideração pelos desenvolvedores de jogos. Felipe aponta para a necessidade de olhar com cuidado para essas especificidades. 

Uma das questões apontadas por ele é que o número de celulares de entrada é muito grande no Brasil e, por isso, as desenvolvedoras de games têm que pensar em jogos que rodem bem nesse tipo de celular.

“Como indústria, a nossa solução é desenvolver jogos mais leves focados em países emergentes”, afirma. 

Brasileiros preferem os jogos offline

Outro comportamento bastante comum entre os gamers mobile brasileiros é a preferência por jogos offline . Além dessa questão, Felipe afirma que a baixa penetração do cartão de crédito no mercado brasileiro influencia o mercado de jogos.

“Se o jogador não tem cartão de crédito, ele precisa estar muito engajado com um título para sair de casa, comprar um gift card e resgatar. Além disso, o usuário brasileiro ainda não está muito familiarizado com os meios de pagamento alternativos do Google Play e App Store”, avalia. 

Para Alexandre, que já quer popularizar seu jogo fora do Brasil, o mercado nacional tem muitos desafios, sobretudo para desenvolvedores independentes .

“No Brasil, é muito difícil encontrar investidores que estejam interessados na área de jogos. É um mercado que é muito pouco explorado mas que tem crescido muito nos últimos anos”, diz. 

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Apesar disso, ele acredita que os jogos mobile têm uma possibilidade de crescimento por aqui, e que isso pode ir muito além de divertimento e distração.

“Hoje, o número de crianças e idosos utilizando smartphones e tablets aumenta a cada dia. Acredito muito no potencial dos jogos que facilitem o aprendizado das crianças e que tragam benefícios para os idosos, estimulando as mais variadas áreas do cérebro”, avalia. 

Para Felipe, os jogos mobile , além de terem o potencial de dominar a indústria de games , também podem ajudar a mudar o estereótipo do jogador, já que quase todos os tipos de público têm acesso a celulares.

“Acreditamos em um universo mais inclusivo, acreditamos que gaming é para todo mundo e queremos acabar com aquele estereótipo de que gamers são nerds. Nós acreditamos que os smartphones são os novos consoles”, conclui.

Android x iOS nos games: o que tem de diferente?

Deixando um pouco a disputa por público de lado, os sistemas Android e iOS possuem muitas diferenças que influenciam diretamente na hora de desenvolver games .

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 Felipe conta que a principal diferença é a forma de programar nos dois sistemas operacionais.  No Android, a linguagem de programação é Java, enquanto, no iOS, utiliza-se o Swift.

O Swift é uma linguagem nativa da Apple, enquanto Java já existia muito antes do Android surgir. Segundo ele, o fato de linguagem, software e hardware serem pensados juntos no iOS favorece as possibilidades de desenvolvimento nesse sistema.

“Temos jogos em que os gráficos podem ser considerados tão bons quanto jogos de PlayStation 3”, exemplifica. 

Além disso, outra grande diferença apontada por Felipe é que a variedade de dispositivos é muito maior no Android, já que o sistema roda em smartphones de diversas fabricantes.

Dentro desse mundo de possibilidades, há celulares mais potentes e outros com especificações de hardware mais simples, o que faz com os jogos tenham que ser adaptados para diversos dispositivos - em outras palavras, é mais trabalhoso criar games para o Android.

“As desenvolvedoras investem muito tempo em testes e adaptações, pois cada aparelho tem uma tela, processador, memória, enfim, diversas especificações que podem impactar a qualidade dos nossos jogos”, diz Felipe. 

Apesar dessa dificuldade, Felipe diz que a grande variedade de dispositivos Android também tem suas vantagens.

“A variedade de hardware nos traz novas possibilidades, como é o caso do Foldable [os celulares dobráveis que vêm sendo lançados por algumas fabricantes]. Podemos ser criativos e levar o mobile gaming para outro nível”, opina. 

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