O TikTok
está longe de ser a única empresa chinesa a sofrer bloqueios dos Estados Unidos. Recentemente, o governo Trump
anunciou novas restrições à Huawei
, fabricante de dispositivos e equipamentos para redes e telecomunicações.
Embora a medida tenha bloqueado ainda mais o acesso da empresa a tecnologias norte-americanas, a briga entre EUA
e Huawei
já dura muitos anos.
Huawei faz espionagem chinesa?
Ainda em 2012, no governo de Barack Obama, os Estados Unidos começaram a acusar a Huawei de ameaçar a segurança do país. Na ocasião, um relatório publicado pelo Congresso do país acusava a Huawei e a também chinesa ZTE .
A acusação era de que as empresas criavam brechas propositais em seus dispositivos para facilitar que o governo chinês espionasse os dados de usuários em outros países. Depois de Huawei e ZTE negarem, a Casa Branca investigou o caso e não encontrou provas da espionagem.
Isso foi o suficiente para acalmar os ânimos por um tempo. Quando Donald Trump foi eleito com um discurso anti-China, porém, a situação mudou. As acusações de espionagem da Huawei voltaram à tona.
Primeiro, acreditava-se que as torres de telefonia da empresa espionavam os dados dos usuários e, depois, a acusação passou também para os smartphones produzidos pela marca. Varejistas foram pressionadas a pararem de vender os celulares da fabricante antes mesmo de proibições serem impostas.
Em maio de 2019, Trump assinou um decreto que proibia empresas norte-americanas de fazerem negócios com a Huawei - algo parecido com o que tem sido imposto atualmente ao TikTok .
Sem poder fechar acordos com a Google , a empresa, que antes utilizada o sistema operacional Android em seus smartphones, teve que começar a lançar celulares sem os aplicativos da gigante de tecnologia. O sistema passou a ser o EMUI , baseado no sistema da Google - isso só é possível porque o código aberto do Android o libera das sanções norte-americanas.
Isso acabou freando o sucesso da Huawei . Hoje, a empresa já é a maior fabricante de smartphones do mundo , mas esse sucesso se deve, sobretudo, às vendas dentro da China . Com as sanções americanas, o potencial de expansão global da Huawei foi reduzido.
Você viu?
O que mudou recentemente?
Mesmo com as sanções, a Huawei continuava produzindo seus processadores Kirin com fabricantes terceirizadas nos EUA. No último dia 17, porém, isso mudou. O país aumentou as restrições contra a empresa chinesa, impedindo-a de ter acesso a qualquer tecnologia norte-americana.
Para obter semicondutores e chipsets nos EUA, a Huawei precisa de uma licença especial. Isso levou à empresa a anunciar que, a partir de setembro, não terá mais seus processadores Kirin, que são produzidos em solo americano.
Isso dificulta ainda mais o crescimento e globalização da empresa, que vai precisar comprar chipsets de outras fabricantes para manter sua produção de smartphones. Além disso, o governo também teria adicionado mais 38 afiliadas da Huawei em 21 países à lista negra comercial do país - a chinesa entrou para a lista, que já soma 152 afiliadas, em 2019.
Depois da nova restrição, o governo chinês disse que se opõe firmemente à supressão norte-americana da Huawei . Na ocasião, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, deu uma entrevista coletiva e pediu que os EUA parem de desacreditar em companhias chinesas. Ele disse, ainda, que Pequim vai tomar as medidas necessárias para salvaguardar os direitos das empresas do país.
Huawei e o 5G
Uma das grandes restrições do governo norte-americano à Huawei é em relação ao 5G . A empresa é uma das grandes fornecedoras de equipamentos da rede no mundo todo, mas o governo dos EUA vem tentando mudar esse cenário.
O processo de barrar o acesso da chinesa a tecnologias norte-americanas pode deixar a empresa em desvantagem na implementação da nova tecnologia. Mas não para por aí.
Os EUA também vêm fazendo campanha para que seus aliados não utilizem equipamentos da Huawei na hora de implementar a rede 5G . O Reino Unido é um dos países que já baniu a companhia de suas redes.
E esse é o principal sentido no qual a briga entre Huawei e EUA pode afetar o Brasil. Por aqui, o leilão das frequências de 5G ainda não aconteceu, e não se sabe se a Huawei participará dele.
O governo Trump vem fazendo forte pressão para que a empresa chinesa fique de fora da implementação da rede
5G
por aqui - o que pode atrasar o salto tecnológico. Recentemente, o embaixador dos EUA no Brasil disse
que o país pode “enfrentar consequências” se permitir que a Huawei
forneça os equipamentos da rede.