Nesta semana, o CEO do Twitter
, Jack Dorsey
, recebeu uma oferta de US$ 2,5 milhões (ou R$ 14 milhões, em conversão direta) pelo primeiro tuíte do mundo
. Também nos últimos dias, um grupo queimou uma obra original do artista inglês Banksy
e vendeu sua versão digital pelo quádruplo do preço original. Recentemente, um meme
foi vendido por US$ 600 mil (ou R$ 3,3 milhões) e um vídeo da cantora Grimes foi comercializado por quase US$ 340 mil (ou R$ 1,9 milhão). O que todos esses casos têm em comum? NFT
.
Cada um desses itens foram vendidos como NFT, ativo que vem revolucionando o mercado de raridades ao permitir a venda de coisas que, até pouco tempo, ninguém imaginava que poderiam ser vendidas.
O que é NFT?
Mas, afinal, como esse mercado funciona? NFT é a sigla para Non-Fungible Token ou, em português, token não-fungível. Um token é um registro de um ativo em formato digital - neste caso, na blockchain , rede imutável que opera com muita criptografia e permite o funcionamento dos sistemas de criptomoedas, como o bitcoin . "Tokenizar nada mais é do que você pegar um objeto que tem algum valor e transferir ele para o mundo digital em uma blockchain", explica Julieti Brambila, diretora jurídica do Alter, primeira cripto conta do Brasil.
Já um item não-fungível é algo único, que não pode ser substituído. Ou seja, qualquer objeto (real ou virtual) que seja raro e colecionável, pode ser replicado em um NFT e vendido dessa forma. Quando uma pessoa compra esse ativo, ela passa a possui-lo, através de um certificado registrado na blockchain.
Por mais que um meme possa ser visto por todas as pessoas, que um vídeo de Grimes possa ser assistido em qualquer plataforma ou que o primeiro tuíte de Jack Dorsey continue no ar, quem comprar qualquer um desses itens passa simplesmente a ter o status
de possui-lo.
"É bem baseado no que é escasso, no que é raro, nessa questão de brilhar os olhos da pessoa. Por que a pessoa tem o ímpeto de ter aquele bem? Ela quer mostrar que ela possui aquilo. Por isso também que você ter registrado ali na blockchain é uma questão muito importante, porque agora as pessoas vão conseguir ver que ela possui aquilo", afirma Julieti.
Por que as pessoas estão comprando NFTs?
Por mais que tudo isso pareça história de filme de ficção científica já que, na prática, quem possui um NFT não possui nada físico, esse universo pode ser bastante lucrativo. Possuir um token é como possuir uma obra de arte: algo único e raro que pode valorizar ao longo do tempo.
De acordo com Julieti, o aquecimento no mercado de NFTs está criando um cenário de especulação financeira. Quando uma pessoa paga R$ 14 milhões em um tuíte, ela espera, é claro, vendê-lo por um preço ainda mais alto no futuro.
Mas não são só os milionários que estão aderindo à compra de cripto-colecionáveis . Julieti conta que maior parte do mercado de NFTs e a que gera mais dinheiro é a que envolve os jogos . "Até porque essa parte de itens exclusivos, bens de luxo, não é muito bem algo que vai para a massa. Já a questão dos jogos, é uma coisa muito mais popular, é uma coisa que pega", analisa.
Coleções online
Atualmente, dá para comprar itens raros de jogos como NFT , por exemplo. "Existe uma sistemática muito interessante que está acontecendo nesse negócio dos jogos, que as pessoas estão comprando até pedaços de terra neles", comenta a especialista.
Nesta sexta-feira (12), por exemplo, a Atari
anunciou uma parceria com a plataforma de e-commerce para ativos digitais Bondly Finance. Juntas, elas desenvovleram o Atari Metaverse, uma plataforma dedicada a NFTs relacionados a games
e música, realizando a venda de coleções digitais.
"É a transposição dos itens colecionáveis do mundo físico para o mundo digital. Hoje, a gente está vendo essa digitalização de tudo, dos ambientes virtuais, isso está muito presente agora na pandemia. Então o mundo dos jogos está sendo explorado através dessa nova revolução de NFT", explica Julieti.
Seja nas obras mais caras ou nos itens digitais colecionáveis mais simples, a especialista acredita que os NFTs vieram para ficar, e que ainda vamos ouvir falar bastante desse mercado, que deve se aquecer ainda mais ao longo do tempo.