Em recente sessão com deputados americanos, a Microsoft deixou claro que apoia o novo projeto de lei do Congresso que prevê a negociação coletiva de empresas de mídia com gigantes de tecnologia como Google e Facebook.
Na sexta-feira, os legisladores debateram um projeto de lei antitruste que daria aos editores de notícias poder de negociar em conjunto com essas plataformas on-line e, assim, garantir remuneração por conteúdos usados em seus sites e aplicativos.
Em uma audiência realizada pelo subcomitê antitruste da Câmara, o presidente da Microsoft, Brad Smith, emergiu como uma voz da indústria tech a favor da lei.
A receita de anúncios em jornais despencou de US$ 49,4 bilhões em 2005 para US$ 14,3 bilhões em 2018, disse Smith, enquanto a receita de anúncios no Google saltou de US$ 6,1 bilhões para US$ 116 bilhões.
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"Mesmo que as notícias ajudem a alimentar os mecanismos de busca, as organizações de notícias frequentemente não são compensadas ou, na melhor das hipóteses, subcompensadas por seu uso" disse Smith. "Os problemas que afligem o jornalismo hoje são causados em parte por uma falta fundamental de concorrência nos mercados de pesquisa e tecnologia de anúncios controlados pelo Google."
A audiência foi a segunda de uma série planejada pelo subcomitê para preparar o terreno para a criação de leis antitruste mais fortes.
Em outubro, o subcomitê, liderado pelo deputado David Cicilline, democrata de Rhode Island, divulgou os resultados de uma investigação de 16 meses sobre o poder de Amazon, Apple, Facebook e Google. O relatório acusou as empresas de comportamento monopolista.
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Na semana passada, os dois principais líderes do comitê, o Cicilline e o deputado Ken Buck, republicano do Colorado, apresentaram a Lei de Preservação de Jornalismo e Competição.
O projeto de lei visa dar aos editores de notícias menores a capacidade de se unirem para negociar com plataformas on-line taxas mais altas para distribuição de seu conteúdo.
O projeto também foi apresentado no Senado pela senadora Amy Klobuchar, uma democrata de Minnesota e presidente do subcomitê antitruste daquela Casa.
Dependência
Cresce a preocupação global com o declínio das organizações de notícias locais, que se tornaram dependentes de plataformas online para distribuição de seu conteúdo.
A Austrália aprovou recentemente uma lei que permite que os editores de notícias negociem com o Google e o Facebook, e legisladores no Canadá e na Grã-Bretanha estão considerando medidas semelhantes.
Embora eu não veja esta legislação como um substituto para uma concorrência on-line mais significativa, é claro que devemos fazer algo a curto prazo para salvar o jornalismo de confiança antes que se perca para sempre — disse Cicilline.
O Google emitiu uma declaração em resposta ao depoimento de Smith, defendendo suas práticas de negócios e atacando os motivos da Microsoft, cujo site de busca Bing está em um distante segundo lugar, atrás do Google.
“Infelizmente, à medida que a competição nessas áreas se intensifica, eles [a Microsoft] estão voltando ao seu hábito familiar de atacar rivais e fazer lobby por regulamentações que beneficiem seus próprios interesses”, escreveu Kent Walker, vice-presidente sênior de políticas do Google.