A delatora do Facebook que entregou documentos internos da empresa para parlamentares, reguladores e meios de comunicação vai compartilhar estratégias da gigante de tecnologia em depoimento no Congresso nesta manhã. Ela pretende revelar como a empresa enganou o público e os acionistas sobre os efeitos nocivos de suas plataformas.
"O Facebook se tornou uma empresa de US$ 1 trilhão às custas da nossa segurança, incluindo a segurança de nossos filhos", disse Frances Haugen em comentários preparados para uma audiência no Senado dos Estados Unidos
Ela ainda pretende mostrar como a companhia faz uso do que chama de "dados vitais" das pessoas. "Eu me expus porque reconheci uma verdade assustadora: quase ninguém fora do Facebook sabe o que acontece dentro do Facebook. A liderança da empresa mantém informações vitais do público, do governo dos EUA, de seus acionistas e de governos em todo o mundo".
A audiência acontece um dia após o Facebook e seus aplicativos Instagram e WhatsApp ficarem quase seis horas fora do ar, e dois dias depois de Haugen revelar sua identidade em uma entrevista ao programa "60 Minutes" da CBS na noite de domingo. As ações da empresa caíram 4,9% na segunda-feira, a maior queda desde novembro.
Fomento à divisão
Haugen, 37, ex-gerente de produto da empresa, comparecerá ao Comitê de Comércio do Senado. Ela afirma que a companhia alimentou a divisão entre as pessoas, minando a democracia e prejudicando a saúde mental de seus usuários mais jovens.
Tudo com o objetivo de aumentar o engajamento dos usuários nas publicações, aumentando a chance de eles clicarem em mais publicidade, elevando os lucros da companhia.
As declarações que vai fazer têm base em uma pesquisa interna do Facebook, que foi entregue por ela à Securities and Exchange Commission, o xerife do mercado de capitais americano, e ao Wall Street Journal.
Acesso total a dados do Facebook
Haugen dirá aos senadores que o ponto de partida para uma regulamentação eficaz é o acesso total aos dados do Facebook para que o público tenha uma visão dos sistemas da empresa. Os reguladores de hoje são cegos para os problemas do Facebook e como criar soluções, disse ela.
"Enquanto o Facebook estiver operando no escuro, ele não prestará contas a ninguém", disse ela. "E continuará a fazer escolhas que vão contra o bem comum".