
55 milhões de brasileiros, cerca de um quarto da população do país, ficam uma semana por mês sem acesso à internet, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
Isso acontece porque 45% dos mais pobres, das classes C, D e E, têm planos de telefonia cuja franquia de internet acaba antes do fim do mês. A duração média dos pacotes é de 23 dias, e chega a 19 dias entre os mais vulneráveis.
Sem o pacote de internet no celular funcionando, dá para concluir que essas pessoas ficam sem internet porque 91% delas usam o smartphone como principal - e muitas vezes único - dispositivo de acesso à rede.
Para quem fica sem acesso à rede móvel por sete dias ou mais, as principais alternativas são Wi-Fi público, privado ou roteamento de internet de outros celulares, revelou a pesquisa.
O levantamento ainda mostra que, com a falta de internet, 66% das pessoas já deixaram de realizar alguma atividade online. Dentre elas, estão: pesquisar se uma informação recebida era notícia falsa (30%), acompanhar aulas ou cursos (35%), acessar serviços públicos (33%), transferir dinheiro (43%), agendar um exame (28%), acessar um serviço de saúde (31%) ou buscar informações sobre a Covid-19 (36%).
"A conectividade é um meio de democratizar o acesso à informação e esse acesso diferenciado acentua o gap educacional entre os mais pobres e os mais ricos. Os microempreendedores que sobreviveram na pandemia tinham internet para vender em lojas virtuais, para oferecer seus serviços por aplicativo", afirma Renato Meirelles, presidente do Locomotiva, em entrevista à Folha de S. Paulo. "Já o jovem pobre teve dez dias a menos de estudo".