Macaco da Neuralink com chip no cérebro jogando game com a mente
Reprodução/Youtube
Macaco da Neuralink com chip no cérebro jogando game com a mente

A Neuralink, empresa de biotecnologia do bilionário Elon Musk, admitiu que matou oito macacos durante suas pesquisas para criar um chip cerebral. O relato da empresa aconteceu depois de acusações de maus-tratos animais.

Na semana passada, o Comitê de Médicos para Medicina Responsável, um grupo de direitos dos animais, entrou com uma reclamação no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos acusando a Neuralink e a Universidade da Califórnia em Davis (UC Davis), parceira da empresa nas pesquisas, de maltratarem macacos.

A entidade afirma que obteve documentos através dos quais descobriu que a empresa de Musk fez com que macacos vivenciassem "sofrimento extremo como resultado de cuidados inadequados com animais e dos implantes cerebrais experimentais altamente invasivos durante".

Macacos morreram durante as pesquisas

Para desenvolver um chip cerebral que pretende ser testado em humanos ainda neste ano , a Neuralink vem testado o componente em macacos ao longo dos últimos anos. Em abril do ano passado, a empresa chegou a mostrar uma macaca jogando videogame com a mente , demonstrando um dos usos do chip.

Durante as pesquisas, porém, macacos foram sacrificados. De acordo com informações dos acusadores obtidas pelo Business Insider, dos 23 macacos utilizados pela Neuralink para testes na UC Davis, apenas sete sobreviveram.

Agora, em publicação em seu blog, a Neuralink admitiu que oito primatas morreram durante suas pesquisas. A empresa afirmou que, na UC Davis, realizou cirurgias apenas em cadáveres animais e em procedimentos terminais. De acordo com a empresa, os animais não estavam nessas condições por conta de suas pesquisas, mas sim por situações anteriores.

"Cadáveres são animais mortos que foram sacrificados humanamente devido a uma decisão veterinária por uma preocupação médica ou sacrificados como parte de um estudo de pesquisa anterior não relacionado. Os procedimentos terminais envolvem a eutanásia humana de um animal anestesiado na conclusão da cirurgia. Os animais que se enquadram nesta categoria foram considerados pela equipe veterinária como saudáveis ​​o suficiente para um evento anestésico, mas podem não ter qualidade de vida adequada devido a uma condição pré-existente. A realização de cirurgias iniciais em cadáveres e procedimentos terminais garante que um animal não sofra potencialmente no pós-operatório caso o procedimento de teste tenha um resultado inesperado", escreveu a Neuralink.

Depois de muitos testes e de mudanças nos chips, a empresa afirma que oito macacos foram mortos. Dois deles, afirma a Neuralink, foram sacrificados "em datas finais planejadas para coletar dados histológicos importantes". Já os outros seis "foram sacrificados por conselho médico da equipe veterinária da UC Davis". Destes últimos, um teve complicação cirúrgica, um teve falha no chip e quatro tiveram infecções que podem ter sido causadas pelo implante. "O uso de cada animal foi amplamente planejado e considerado para equilibrar a descoberta científica com o uso ético dos animais", se defende a empresa.

Animais maltratados

Além das mortes, as acusações também trouxeram à tona casos de maus-tratos animais, alegando que os macacos não possuem tratamento adequado e passam por situações de sofrimento.

Para se defender da acusação, a Neuralink disse que não força os animais a fazerem o que eles não querem e que tem equipes completas de cuidados. "Aposentamos vários macacos em um santuário em março passado, porque eles sempre optaram por passar o dia nadando em suas piscinas, procurando alimentos e relaxando em suas redes, em vez de assistir ao jogo que apresentamos a eles", exemplificou a empresa.

A empresa ainda afirmou que os macacos tem "liberdade de escolha" para participar das pesquisas. "Algumas pessoas querem contribuir para a pesquisa médica por várias razões. Alguns não. Por que isso não pode ser o mesmo para os animais? Imagine uma tropa de macacos correndo e subindo em árvores juntos. Um se aventura em uma casa na árvore que foi equipada com digitalização RFID [identificação por radiofrequência], que puxa com segurança as configurações de jogo desse indivíduo. O animal pode brincar e ser reforçado para a coleta de dados, assim como um humano que contribui para um ensaio clínico", escreveu a empresa.

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