Polêmica da Activision Blizzard tem mais um capítulo
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Polêmica da Activision Blizzard tem mais um capítulo

Os casos de assédios sexuais dentro da Activision Blizzard  acabam de ganhar um novo capítulo, dessa vez com o CEO da empresa, Bobby Kotick, como protagonista. Segundo uma investigação do Wall Street Journal, publicada nesta terça-feira (16), Kotick sabia dos abusos desde 2018, mas preferiu ignorar as denúncias. Por isso, os funcionários estão exigindo a renúncia imediata do presidente.

Na reportagem, o WSJ cita diversas situações de assédio que supostamente aconteceram na Activision Blizzard. Uma dessas histórias fala sobre a experiência de uma ex-funcionária da Sledgehammer Games — estúdio responsável por Call of Duty: Vanguard —, que diz ter sido estuprada por um supervisor em 2016 e 2017, depois de ser forçada a ficar bêbada no escritório e em eventos da empresa.

Após ser ignorada ao relatar os casos de estupro ao RH da Sledgehammer Games, a ex-funcionária decidiu processar a empresa e procurar a polícia. Em julho de 2018, o advogado responsável pela defesa da mulher enviou um e-mail explicando a situação para Kotick, que, poucos meses depois, ofereceu um acordo extrajudicial para encerrar o caso e decidiu não comunicar o incidente ao conselho de diretores da Activision Blizzard.

Outras situações reportadas pelo WSJ envolvem bebidas em horário de trabalho e cultura empresarial de pouca supervisão, além de relatos de maus tratos do próprio Kotick a mulheres que chegaram a trabalhar diretamente com ele.

Em uma certa ocasião, um dos chefes da produtora Treyarch, Dan Bunting, foi acusado de assédio sexual, mas Kotick interveio para impedir que ele fosse demitido após uma investigação interna, de acordo com as informações obtidas pelo WSJ.

Ex-copresidente da Blizzard deixou a empresa

Uma das seções da reportagem é dedicada para falar sobre a saída da ex-copresidente da Blizzard, Jen Oneal, que dividia o cargo de chefe do estúdio com Mike Ybarra, desde a saída de J. Allen Brack, em agosto deste ano. Antes, Oneal era chefe da Vicarious Visions, desenvolvedora absorvida pela Activision Blizzard no início de 2021.

Na época de sua renúncia, Oneal comentou que estava saindo para "levar mais diversidade à indústria de videogames" e que ainda tinha esperanças na melhora da Blizzard. No entanto, em um e-mail obtido pelo WSJ, a ex-copresidente disse à equipe jurídica da Activision Blizzard que havia deixado de ter fé na capacidade da liderança de mudar a cultura da empresa.

Nesse suposto e-mail, Oneal ainda contou que tinha sido assediada algumas vezes durante seus 20 anos de trabalho na Activision, e que ela recebia salário menor do que Mike Ybarra enquanto dividia o mesmo cargo de presidente da Blizzard com ele.

Conselho da Activision Blizzard defendeu Kotick

Na manhã desta terça-feira (16), Kotick enviou um comunicado em vídeo e texto para todos os funcionários da empresa, informando que a reportagem do WSJ estava incorreta. "O artigo de hoje pinta uma visão imprecisa e enganosa da nossa empresa, de mim pessoalmente, e da minha liderança", diz a mensagem do CEO.

O conselho de diretores da Activision Blizzard também ficou do lado de Kotick e defendeu o presidente das acusações em um outro comunicado, destacando o corte de salário e as ações propostas pelo CEO para evitar novos casos de assédio na empresa.

"O Conselho da Activision Blizzard continua comprometido com o objetivo de tornar a Activision Blizzard a empresa mais acolhedora e inclusiva do setor. Sob a liderança de Bobby Kotick, a empresa já está implementando mudanças importantes no setor, incluindo uma política de tolerância zero, uma dedicação para alcançar aumentos significativos na quantidade de mulheres e pessoas não binárias em nosso quadro de funcionários e investimentos internos e externos significativos para acelerar oportunidades. O Conselho continua confiante de que Bobby Kotick abordou adequadamente as questões de cultura no local de trabalho trazidas à sua atenção. As metas que estabelecemos para nós mesmos são críticas e ambiciosas. O Conselho continua confiante na liderança, compromisso e capacidade de Bobby Kotick para alcançar esses objetivos", disse o Conselho da Activision Blizzard.

Funcionários exigem que Kotick seja substituído

Como resposta a esses novos relatos envolvendo Kotick, os membros da Aliança de Funcionários da ABK — Activision Blizzard King — começaram a organizar uma passeata para exigir que o CEO seja substituído por outro profissional escolhido pelos próprios trabalhadores da empresa.

Por enquanto, a Activision Blizzard continua respondendo a diversos processos movidos pelo Department of Fair Employment and Housing (DFEH) — Departamento de Emprego e Moradia Justa — da Califórnia e por acionistas da empresa.

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