Rivais do Spotify ganham novos usuários
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Rivais do Spotify ganham novos usuários

Depois que um podcast exclusivo do Spotify divulgou informações falsas sobre a Covid-19, a empresa tem ficado sob pressão . Alguns artistas — com o exemplo mais marcante de Neil Young — abandonaram o serviço como forma de protesto e, quase que ao mesmo tempo, muitos usuários também. Isso significa que plataformas rivais ganharam mais clientes, certo? Sim, mas não muito.

Que conste desde já: em número de usuários, o Spotify está muito bem: a companhia fechou 2021 com 400 milhões de usuários ativos.

O problema é que, nas últimas semanas, movimentos como #cancelspotify e #deletespotify ganharam força nas redes sociais, especialmente no Twitter. Os usuários que aderem a essas campanhas protestam contra o podcast de Joe Rogan.

Diante da repercussão do assunto, o CEO do Spotify, Daniel Ek, publicou uma carta em que promete deixar as regras da plataforma mais transparentes para produtores de conteúdo e exibir avisos em conteúdos sobre Covid-19  que levam a uma página de informações confiáveis sobre a doença.

Mas nada aconteceu a Rogan. Há quem defenda que ele seja banido do Spotify ou, ao menos, tenha os episódios problemáticos removidos de lá.

Esse é o contexto para muitos usuários decidirem trocar de plataforma de streaming de áudio. Mas qual o impacto desse movimento para o Spotify e para os serviços concorrentes?

Rivais cresceram? Cresceram. Mas...

Alguns dados revelados pela empresa de inteligência de mercado Sensor Tower ao TechCrunch dão pistas. Como o Spotify e demais plataformas não informam os números de entrada e saída de usuários, a empresa usou como parâmetro uma análise das instalações de aplicativos registradas a partir da App Store e da Google Play Store.

Observe, na tabela a seguir, que o número de downloads do Spotify caiu de 6,6 milhões na semana de 24 de dezembro de 2021 para 6 milhões na semana de 24 de janeiro de 2022. Trata-se de uma redução de 10%, aproximadamente.

Mas veja que os demais serviços também registraram perdas no período, com exceção para o Tidal, que viu seu número de downloads pular de 156 mil para 168 mil.

App 24 de dezembro 24 de janeiro Variação
Amazon Music 988 mil 750 mil -24,1%
Apple Music 437 mil 412 mil -5,7%
Apple Podcasts 32 mil 29 mil -9,4%
Spotify 6,6 milhões 6 milhões -9,1%
YouTube Music 1,4 milhão 1,3 milhão -7,1%
Tidal 156 mil 168 mil 7,7%
Downloads na App Store e Google Play (números aproximados) — Sensor Tower

Porém, se compararmos os números da semana de 17 janeiro com os da semana de 24 do mesmo mês — justamente o período em que os protestos ganharam força —, veremos que o Spotify manteve a média de 6 milhões de downloads, mas as demais plataformas cresceram.

App 17 de janeiro 24 de janeiro Variação
Amazon Music 725 mil 750 mil 3,4%
Apple Music 399 mil 412 mil 3,3%
Apple Podcasts 29 mil 29 mil 0%
Spotify 6 milhões 6 milhões 0%
YouTube Music 1,2 milhão 1,3 milhão 8,3%
Tidal 129 mil 168 mil 30,2%
Downloads na App Store e Google Play (números aproximados) — Sensor Tower

Mas cresceram marginalmente. O YouTube teve um aumento de 8,3%, enquanto Amazon Music e Apple Music registraram 3,4% e 3,3%, respectivamente. Novamente, o Tidal foi o caso mais notável com um crescimento de 30%, mas, em números absolutos, a plataforma é bem menos procurada que as demais.

É claro que esses números devem ser analisados com cuidado. Sem uma pesquisa ampla, não dá para afirmar que os aumentos de downloads registrados pelos rivais do Spotify são oriundos do abandono deste último.

O que fica claro é que, apesar de o movimento ser forte, na prática, o boicote ao Spotify tem tido pouco ou nenhum efeito negativo sobre a base de clientes da plataforma.

Por outro lado, isso não quer dizer que não haverá consequências. É possível que essa situação afaste novos assinantes e, mesmo que por um curto intervalo de tempo, afete o valor das ações do Spotify. Esses problemas poderão ser potencializados se mais artistas — principalmente de amplo alcance — aderirem ao boicote.

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