A manobra de Elon Musk para comprar 100% do Twitter
por US$ 43 bilhões pode não ser bem-sucedida, e o bilionário já prepara um plano B na manga. Na quinta-feira (14), o CEO da Tesla afirmou em um evento no Canadá que "não tem certeza" se conseguirá adquirir o microblog por US$ 54,20 por ação — oferta considerada por ele mesmo como sua "melhor e final". No meio tempo, Musk perdeu a posição de maior acionista da plataforma.
O Twitter recebeu a oferta de Musk na quarta-feira (13), mas ainda aguarda a revisão da proposta pelo conselho administrativo. O preço de US$ 54,20 por cada título da rede social é menor que o pico de 2021, quando a ação atingiu US$ 70. Na quinta-feira, o CEO da plataforma, Parag Agrawal, contou a funcionários que a empresa está avaliando o caso.
O bilionário acrescentou, em entrevista ao TED2022 de Vancouver, no Canadá, que tem um plano B caso sua oferta seja rejeitada. Musk já avisou que, no eventual declínio da proposta, cogitaria vender seus 9,2% de ações do Twitter. Ele, contudo, não é mais o maior acionista da empresa: agora, essa posição é do fundo de investimento Vanguard Group.
O fundo revelou, em documento protocolado na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), que adquiriu 10,3% de participação no Twitter, e vem comprando ações desde o início do 1º trimestre de 2022. Elon Musk retém a posição de maior acionista individual, à frente de Jack Dorsey, fundador da rede social.
Quando questionado no TED2022 sobre os fundos usados para comprar o Twitter — a maioria do patrimônio de Elon Musk não é líquido —, o bilionário respondeu que "tem recursos guardados" caso a proposta seja aceita. A consultoria financeira Wells Fargo especula que o CEO da Tesla teria que vender ações da montadora para seguir adiante com o negócio.
Musk está acostumado a ter suas estratégias de negócios questionadas na Justiça norte-americana. Ele está sendo processado por investidores do Twitter por supostamente omitir a compra de 5% da rede social.
"Arena da liberdade de expressão"
No evento em Vancouver, Musk reafirmou que quer transformar o Twitter em uma "arena aberta à liberdade de expressão". Para ele, a rede social é "de fato a praça pública" da internet.
Na avaliação de Musk, alguma moderação de conteúdo no Twitter ainda seria necessária, especialmente no caso de tuítes relacionados à apologia ou violência explícita. A rede social também deve seguir as leis dos países onde opera.
Mas o bilionário defende que o algoritmo e as políticas da plataforma devem ser mais transparentes e abertos às críticas de usuários.
De forma geral, Musk também é contra o banimento permanente de usuários, como ocorreu com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, após a invasão do Capitólio por parte de seus apoiadores. Ele prefere, em vez disso, "suspensões temporárias".
Twitter "não é refém" de Musk, diz Agrawal
Sob pressão da oferta de Musk, o CEO do Twitter Parag Agrawal disse na quinta, em uma reunião de emergência, que a plataforma "não é refém" da proposta do bilionário. A fala foi direcionada a funcionários para acalmá-los, segundo uma fonte da agência de notícias Reuters.
Agrawal também afirmou que "nós, como empregados do Twitter, determinamos o que acontece". O diretor-executivo estava respondendo a perguntas de funcionários pelo canal interno da rede social no Slack.
Ao ser questionado sobre a visão de "liberdade de expressão" que Musk colocaria em prática caso se tornasse dono do Twitter, Agrawal não deu uma resposta direta, citando que um dos focos princípios da rede social é melhorar o "bem-estar" das interações entre usuários.
"Nós vamos convidar todo e qualquer bilionário ao conselho?", questionou um funcionário durante a reunião. O CEO do Twitter respondeu: "Eu acredito firmemente que precisamos simpatizar com a voz de quem é crítico ao nosso serviço, para que possamos aprender e melhorá-lo".