O Facebook parece mesmo dedicado a combater a desinformação na rede social antes das eleições presidenciais marcadas para outubro de 2018 no Brasil. Depois de anunciar uma série de medidas que vão tornar mais claro o que é o que não é propaganda eleitoral dentro da rede e contratar agências de checagem dos fatos para apurar se o que viraliza na rede é mesmo autêntico, a rede social comunicou nesta quarta-feira (25) que excluiu usuários e páginas que espalhavam fake news no Facebook.
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Segundo a apuração da Agência Reuters , a rede social apagou 196 páginas e 87 contas que disseminavam fake news no Facebook dentro do Brasil e que juntas somavam meio milhão de seguidores. A maioria delas eram páginas e contas usadas para a divulgação de informações falsas por membros do grupo ativista Movimento Brasil Livre (MBL) que teve papel importante no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e ganhou forças nas redes sociais, chegando a eleger alguns de seus fundadores a cargos públicos depois disso, como o vereador Fernando Holiday, eleito pelo Democratas na cidade de São Paulo.
Após a divulgação da informação, o Facebook divulgou comunicado onde afirma que "após uma rigorosa investigação dos perfis envolvidos" chegou a conclusão que esses usuários estavam envolvidos em "uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook , e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação".
Ainda segundo o Facebook, essa atuação violava sua política de autenticidade, o que possibilita que a rede social apague as contas desses supostos usuários, o que não evitou que o MBL emitisse um comunicado onde se queixa de estar sendo censurado.
Representantes do grupo publicaram em suas redes sociais que "na manhã de hoje, 25/07/2018, diversos coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL) tiveram suas contas arbitrariamente retiradas do ar pelo Facebook. A alegação dada pela rede social é a de que se tratava de coibir contas falas destinadas à divulgação de 'fake news'."
O comunicado do MBL ainda afirmou que o "Facebook tem sido alvo de atenção internacional, por conta do viés político e ideológico da empresa, manifestado ao perseguir, coibir, manipular dados e inventar alegações esdrúxulas contra grupos, instituições e líderes de direita ao redor do mundo".
O grupo se defende dizendo que "muitas dessas contas possuíam dados biográficos" e afirmou que vai "utilizar todos os recursos midiáticos, legais e políticos que a democracia nos oferece para recuperar as páginas derrubadas."
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Os líderes também comentaram sobre os questionamentos feitos à Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, quando este foi prestar esclarecimentos ao Congresso Americano sobre o caso de vazamento de dados à Cambridge Analytica e acabou respondendo também sobre a disseminação de fake news dentro da rede social.
Combate às fake news no Facebook
Também nessa semana, o Facebook já tinha anunciado que passaria a apagar fake news da rede social . A medida veio na extensão de uma série de esforços da empresa de Mark Zuckerberg realizados após o Facebook se envolver em polêmicas e ser acusado, inclusive, de contribuir para a campanha difamatória que ocorreu durante as eleições presidenciais americanas que acabaram elegendo Donald Trump.
Porém, ainda que o comunicado já marcasse uma mudança de posutra significativa por parte da empresa que sempre negou a responsabilidade pelo conteúdo publicado dentro de sua plataforma, o Facebook dizia que só apagaria as fake news que pudessem causar danos físicos às pessoas como denúncias de crimes falsos ou destastes naturais que pudessem geras pânico e acidentes. Dessa forma, postagens de caráter político-opinativo ou mesmo difamatório não seriam afetados pela nova medida.
Até então, o Facebook se limitava a penalizar os posts que promoviam informações não verificadas, reduzindo o alcance da publicação ou impedindo que o usuário pudesse impulsionar esse conteúdo por meios de pagamento. Isso porque o Facebook sustentava que não deveria interferir na liberdade de expressão de seus usuários nem funcionar como um editor daquilo que as pessoas publicavam.
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Dessa forma, a rede social só interferia num post quando este continha algum material que infringia suas política de comunidade, como a regra que proíbe o discurso de ódio e discriminação ou fotos nuas ou de violência explícita, por exemplo. Essa pode ter sido, inclusive, a brecha para a exclusão das páginas que infringiam as políticas de privacidade da empresa.
De qualquer forma, diante dos estragos que a publicação de conteúdos falsos na rede social estavam causando, chegando ao ponto de influenciar no resultado de uma eleição presidencial nos Estados Unidos, o Facebook agora está se permitindo fechar o cerco para as fake news.
Uma outra medida anunciada recentemente incluía a parceria com agência de checagem de notícias que vão classificar as informações mais propagadas dentro da rede social em critérios de credibilidade. Especula-se até que o Facebook esteja testando uma ferramenta que mostre um percentual para os usuários do quanto a notícia que ele está visualizando é verdadeira.
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Além disso, a rede social anunciou recentemente que está criando regras para a veiculação e propagação de anúncios eleitorais e/ou políticos e que deixará mais evidente quando um post foi produzido ou está sendo impulsionado por um candidato . Medida que já vai valer para as eleições presidenciais no Brasil, marcadas para outubro desse ano. Tudo isso para tentar minimizar os impactos das fake news no Facebook .