O Facebook compartilhou dados de usuários com gigantes da tecnologia como
Netflix, Amazon, Microsoft e Spotify. De acordo com uma reportagem publicada nesta quarta-feira (19) no jornal americano The New York Times
, o número de conteúdos vazados foi, na verdade, muito maior do que o divulgado pela empresa.
Leia também: Nova falha no Facebook vaza fotos de 6,8 milhões de usuários
Segundo a publicação, que investigou dados documentos internos da empresa e entrevistou cerca de 50 ex-funcionários e parceiros, o Facebook compartilhou dados de usuários sem consentimento dos mesmos com grandes empresas tecnológicas para conseguir alavancar seu modelo de negócios.
A investigação apurou que, embora os dados dos internautas não tenham sido vendidos, alguns "ainda mais invasivos" foram compartilhados através de acordos que auxiliam a plataforma fincaneiramente: atraem novos usuários, incentivam o uso da rede social e aumentam a publicidade.
Ainda de acordo com o jornal, essas grandes empresas recebem informações variadas entre endereços de e-mail, números de telefone e são "centenas de milhões [ de dados vazados ] por mês". Segundo a apuração, 150 empresas têm acesso a esses conteúdos particulares, a maioria composta por redes de tecnologia.
O Bing, plataforma de busca da Microsoft, conseguiu ver todas as amizades dos usuários do Facebook . Já a Netflix e o Spotify puderam ler as mensagens privadas. A rede social também permitiu que a acessasse Amazon tanto o nome dos usuários como suas informações de contato, e o Yahoo conseguiu ver publicações das amizades.
O The New York Times também afirmou que as empresas conseguiam acessar o conteúdo dos usuários mesmo que eles tivessem desabilitado todas as configurações de compartilhamento.
Envolvido em diversos escândalos, Facebook compartilhou dados de usuários outras vezes
Atualmente, a empresa de Mark Zuckerberg acumula 2,6 bilhões de usuários espalhados em todo o mundo. Líder no ranking mundial de redes sociais e plataformas digitais, o Facebook, principal marca de Mark Zuckerberg , registra 2,3 bilhões de usuários novos todos os meses, sendo 1,5 bilhão todos os dias. De acordo com o Banco Mundial, esse número equivale a 34% da população mundial (que tem, atualmente, 7,5 bilhões de pessoas) atingidas pela plataforma.
Apesar do sucesso, a rede social se envolveu em diversos escândalos neste ano. Um dos maiores aconteceu no fim de março, quando cerca de 87 milhões de usuários tiveram seus dados coletados
pela Cambridge Analytica, em que as informações dos perfis foram coletadas por meio de um teste de personalidade chamado “thisisyourdigitallife” [essa é a sua vida digital, em tradução livre]. A plataforma também coletou informações sobre os amigos dos participantes da "brincadeira".
Em nota, a Netflix afirma que "em nenhum momento" foram acessadas mensagens particulares de usuários do Facebook. "Ao longo dos anos, tentamos várias maneiras de tornar a Netflix mais social. Um exemplo disso foi o recurso que lançamos em 2014 que permitiu que os membros recomendassem programas de TV e filmes para seus amigos do Facebook via Messenger ou via Netflix. O recurso nunca foi muito popular, então o desligamos em 2015. Em nenhum momento acessamos as mensagens particulares das pessoas no Facebook ou pedimos para conseguir fazê-lo", alega a empresa.
O Facebook compartilhou dados
com a Cambridge Analytica, que trabalhou com a equipe responsável pela campanha de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, nas eleições de 2016. A empresa também foi contratada pelo grupo que promovia a saída do Reino Unido da União Europeia. A suspeita é de que os dados dos usuários tenham sido usados nas campanhas políticas
.
Mais informações em instantes