Produção de iPhone na China
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Produção de iPhone na China

SÃO FRANCISCO - A Apple e sua fornecedora Foxconn violaram as leis trabalhistas na China ao empregarem um número muito maior do que o permitido de trabalhadores temporários. Além disso, segundo relatório da China Labor Watch, um grupo que defende a melhoria das condições de trabalho no país, os operários atuavam em condições precárias.

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As violações ocorreram nas linhas de montagem da maior fábrica de iPhone do mudo e da qual saíram exemplares dos novos modelos que serão lançados nesta terça-feira pela Apple.

Investigadores da China Labor Watch trabalharam como operários da Foxconn na fábrica de Zhengzhou para ter acesso às informações sobre as condições de trabalho locais. Dois deles atuaram disfarçados dessa maneira por quatro anos.

Eles concluíram que mais da metade da força de trabalho local é temporária - o limite legal é de 10% na China.

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A Apple afirmou que, após uma investigação, concluiu que "o percentual de trabalhadores temporários superou nossos padrões" e que estava "trabalhando próxima da Foxconn para resolver a questão" de forma imediata. A Foxconn também afirmou que fará uma revisão das suas operações.

A Foxconn, oficalmente chamada de Hon Hai Precision Industry Co., costuma contratar dezenas de milhares de trabalhadores temporários para acelerar a produção às vésperas do lançamento de novos modelos de iPhone.

Os temporários não têm direito a benefícios como licença doença remunerada, férias pagas e cobertura de seguridade social (que, na China, garante assistência médica, já que lá a saúde pública não é universal).

Por outro lado, os salários podem ser um pouco maiores, mas são pagos em períodos curto. Após um período de três meses, os temporários podem ser efetivados.

Na fábrica de Zhengzhou, são fabricados 12 mil iPhones por turno.

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Além do número excessivo de temporários, o relatório da China Labor Watch encontrou outras práticas consideradas degradantes para os trabalhadores que foram relatadas à Apple em Agosto, segundo emails obtidos pela Bloomberg.

Durante os picos de produção, pedidos de demissão não são aceitos. Trabalhadores que são também estudantes têm jornada excessiva nestes períodos, apesar da regulação para estágio de estudantes não permitir isso.

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Excesso de hora extra

As horas extras chegam a ser de 100 horas por mês - a legislação trabalhista permite no máximo 36 horas por mês. Se os trabalhadores se recusarem a fazer hora extra, não são chamados mais para o serviço adicional pelos gerentes em futuras oportunidades.

Os trabalhadores às vezes precisam participar de reuniões à noite, sem serem remunerados para isso.

Segurança na fábrica
A Foxconn não oferece equipamentos de proteção adequado a seus funcionários. Acidentes de trabalho nem sempre são relatados. E abusos verbais de chefes contra funcionários são comuns.

O que diz a Apple
À agência Bloomberg, a Apple afirmou que muitas das alegações da China Labor Watch são falsas. "Nós confirmamos que todos os trabalhadores estão sendo pagos de forma adequadas, inclusive no pagamento por horas extras e nos bônus. As horas extras são voluntárias e não há evidências de trabalho forçado".

Segundo a Apple, menos de 1% de seus trabalhadores são estudantes e uma pequena parcela faz trabalho voluntário em turnos noturnos.

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Salários

A maioria dos operários recebe 4 mil yuans (US$ 562) por mês, segundo o relatório da China Labor Watch. Após o pagamento de impostos e outras taxas, o valor fica em 3 mil yuans. A renda média na China é de 2.352 yuans por mês.

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