Empresas se unem contra poder das lojas de aplicativos
Unsplash/ROBIN WORRALL
Empresas se unem contra poder das lojas de aplicativos

Spotify , Epic Games e outras empresas estão se unindo em uma demonstração incomum de oposição contra a Apple e o Google e o poder que eles têm sobre suas lojas de aplicativos. Na quinta-feira, as empresa disseram ter formado a Coalizão pela Justiça nos Aplpps (Coalition for App Fairness), um grupo sem fins lucrativos que planeja fazer mudanças nas lojas de apps e "proteger a economia dos aplicativos".

A coalizão é reflexo de reclamações que já duram meses. O Spotify criticou a Apple pelas regras que impôs na sua loja App Store. Um fundador da empresa de software Basecamp atacou as "taxas equivalentes a um assalto" da Apple sobre aplicativos. E no mês passado, a Epic Games, fabricante do popular jogo Fortnite , processou a Apple e o Google , alegando que eles violam regras da concorrência ao lidar com apps.

Agora, a nova organização conta com 13 membros iniciais, que incluem Spotify, Basecamp, Epic e Match Group, que tem aplicativos como Tinder e Hinge.

"Eles decidiram coletivamente: Não estamos sozinhos nisso, e talvez o que devamos fazer seja nos defendermos em nome de todos", disse Sarah Maxwell, porta-voz do grupo. Ela acrescentou que a nova organização sem fins lucrativos seria “uma voz para muitos”.

Regulação sobre as gigantes

O escrutínio dos EUA sobre maiores empresas de tecnologia do mundo atingiu uma nova intensidade. O Departamento de Justiça deve abrir um processo antitruste contra o Google já na próxima semana, com foco no predomínio da empresa nas buscas na internet.

Em julho, o Congresso interrogou os principais executivos de Google, Apple , Amazon e Facebook sobre suas práticas em uma audiência antitruste de alto nível.

E na Europa os reguladores abriram uma investigação antitruste formal sobre as táticas da App Store da Apple e estão se preparando para abrir acusações antitruste contra a Amazon por abusar de seu domínio no comércio eletrônico.

Durante anos, rivais menores relutaram em falar contra as gigantescas empresas por medo de retaliação. Mas a reação crescente os encorajou a agir.

O Spotify e outros tornaram-se mais veementes nas queixas. E, na próxima segunda-feira, a Epic e a Apple devem se reunir em um tribunal virtual no Distrito Norte da Califórnia para decidir se o Fortnite deve permanecer na App Store, antes de um julgamento sobre o processo antitruste contra a empresa de Tim Cook no próximo ano.

Controle sobre os aplicativos

No centro do esforço da nova aliança está a oposição ao controle rígido da Apple e do Gooogle sobre suas lojas de aplicativos e o destino dos software dentro delas.

As duas empresas controlam praticamente todos os smartphones do mundo por meio de seus sistemas operacionais ( iOS e Android ) e a distribuição de aplicativos por meio de suas lojas. Ambas também cobram uma taxa de 30% para pagamentos feitos dentro de aplicativos em seus sistemas.

Os fabricantes de aplicativos têm cada vez mais problemas com as regras de pagamento, argumentando que uma taxa de 30% é um imposto que prejudica sua capacidade de competir. Em alguns casos, eles disseram, eles estão competindo com os próprios aplicativos da Apple e do Google e suas vantagens injustas. A Apple argumenta que sua taxa é padrão em todos os mercados on-line.

Você viu?

As reivindicações da coalizão

Na quinta-feira, a coalizão publicou uma lista de dez princípios, descritos em seu site, para práticas de aplicativos mais justas. Eles incluem um processo mais transparente para obter a aprovação de aplicativos e o direito de se comunicar diretamente com seus usuários. O princípio-mor afirma que os desenvolvedores não devem ser forçados a usar exclusivamente os sistemas de pagamentos dos editores da loja de apps .

Cada um dos membros da aliança concordou em contribuir com uma taxa de adesão não divulgada para a coalizão.

"A Apple alavanca sua plataforma para dar aos seus próprios serviços uma vantagem injusta sobre os concorrentes", diz Kirsten Daru, vice-presidente e conselheira geral da Tile, uma start-up que fabrica dispositivos de rastreamento Bluetooth e faz parte da nova organização sem fins lucrativos. "Isso é ruim para os consumidores, para a concorrência e para a inovação".

Kirsten testemunhou aos legisladores este ano que a Apple começou a tornar as permissões no aplicativo do Tile mais difíceis para as pessoas usarem depois que ele desenvolveu um recurso concorrente.

A coalizão se formou nos últimos meses após discussões entre executivos de Tile, Epic , Spotify e Match Group, as quatro empresas que mais se manifestaram em oposição às grandes empresas de tecnologia, disse Sarah Maxwell.

Algumas das conversas aconteceram depois que a Apple e o Google tiraram o Fortnite de suas lojas de aplicativos no mês passado por violar suas regras de pagamento. Enquanto a briga da Epic com a Apple e o Google se intensificava, o Spotify e o Match Group manifestaram seu apoio à empresa de videogame. A Apple argumenta que a situação da Epic "é inteiramente causada pela própria Epic".

A nova coalizão pode estimular mais empresas a manifestar publicamente queixas antigas, disseram seus membros. Peter Smith, presidente-executivo da Blockchain.com, disse que sua empresa de financiamento de criptomoedas se juntou ao grupo em parte porque oferecia força em números. "Eles podem nos banir a todos?", questiona. "Eu duvido".

A Apple bloqueou os aplicativos da Blockchain várias vezes, disse Smith. Alguns clientes ficaram tão frustrados com os bloqueios que postaram vídeos deles mesmos destruindo iPhones com facões.

"Essas lojas de aplicativos ficaram tão grandes que estão decidindo efetivamente a que clientes terão acesso", afirma Smith.

Tim Sweeney, presidente-executivo da Epic, disse que sua empresa recebeu "uma enorme quantidade de mensagens" de desenvolvedores de aplicativos que a apoiaram após o processo. Mas muitos têm medo de falar publicamente, disse ele.

"A Apple e o Google têm infinitas maneiras de retaliar sem que isso seja óbvio para o mundo exterior, desacelerando os aplicativos, reinterpretando regras de maneiras negativas ou dizendo não aos novos recursos", disse Sweeney em uma entrevista esta semana.

Ele disse que a Epic tinha um histórico de defender o que considerava certo. "Mas é claro que é muito estressante entrar uma briga com duas empresas que têm mais de 200 vezes o nosso tamanho".

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!