Depois do governo da Austrália obrigar empresas de tecnologia a pagarem veículos da mídia por manchetes e links que exibem, Google e Facebook tomaram decisões diferentes.
Nesta quarta-feira (17), o Google anunciou um acordo descrito como histórico com a News Corp
, principal grupo de mídia da Austrália. O Facebook, por sua vez, decidiu nesta quinta-feira (18) simplesmente proibir a leitura e compartilhamento de notícias
por usuários da rede social
no país.
A briga entre Austrália e as gigantes de tecnologia começou no meio do ano passado, quando a Comissão Australiana da Concorrência e do Consumidor criou um projeto de lei para tentar compensar a relação entre plataformas digitais e empresas de mídia.
O órgão argumenta que Google e Facebook se beneficiam dos conteúdos jornalísticos, mas não dão retorno financeiro suficiente para os portais. A Austrália decidiu, então, obrigar as empresas a pagarem pela divulgação de conteúdos jornalísticos. O projeto de lei, porém, ainda não foi completamente aprovado.
De lá para cá, muitas questões foram debatidas. O Google chegou a fazer uma campanha contra a nova lei australiana e ameaçou retirar seu serviços de busca do país . A Microsoft se colocou à disposição para manter seu buscador Bing no país, mesmo com as condições impostas pelo governo australiano.
Como o país não cedeu, o Google agora aceitou pagar as empresas jornalísticas. A gigante fechou acordo com a News Corp, que será remunerada por notícias que serão exibidas em uma seção nova e destacada no Google News .
O acordo, que ambos os lados chamam de histórico devido ao seu caráter inédito, também prevê a criação de uma plataforma de assinatura, o compartilhamento de receita publicitária gerada pelas notícias e o investimento em projetos de jornalismo de vídeo e podcasts. Além deste, o Google também fechou acordos com mais de 20 grupos de mídia australianos.
Para Robert Thomson, executivo chefe da News Corp, o acordo tem "um impacto positivo no jornalismo em todo o mundo, pois estabelecemos firmemente que deveria haver um prêmio para o jornalismo premium".
Já o Facebook se recusou a fazer qualquer tipo de acordo e proibiu as notícias em sua plataforma na Austrália. Com a decisão, notícias de sites australianos não poderão ser acessadas na rede social em todo o mundo.
A empresa alegou que tem "relação diferente com notícias" quando comparada com o Google, e que elas representam menos de 4% de tudo o que os usuários veem no Facebook.
"[Essa legislação] nos deixou diante de uma escolha difícil: tentar aplicar uma lei que ignora as realidades desse relacionamento ou deixar de permitir conteúdo de notícias nos nossos serviços da Austrália. E é com pesar que escolhemos a última", diz o comunicadodo Facebook.
A lei australiana ainda não passou por todos os trâmites de aprovação e, por isso, alguns políticos consideram a atitude do Facebook equivocada. O ministro de finanças Josh Frydenberg afirmou que a empresa tomou uma ação "autoritária", enquanto o primeiro-ministro Scott Morrison fala em tentativa de intimidação.
"O bloqueio a páginas do governo - com informação de apoio durante a pandemia, sobre saúde mental, serviços de emergência ou o bureau de meteorologia - não têm nada a ver com o código de negociação para a mídia. Não seremos intimidados", disse Frydenberg.