A Apple ameaçou banir o Instagram da App Store depois que a rede social permitiu a circulação de publicações de compra e venda de escravas domésticas em 2019.
A ameaça foi revelada nesta semana por um relatório publicado pelo jornal The Washington Post, que descobriu conversas internas e documentos do Facebook. Na ocasião, a BBC divulgou um reportagem apontando para a presença de publicações referentes à escravidão no Instagram, o que fez com a que a Apple ameaçasse o Facebook para não ser parte do problema.
Entenda o caso
Em 2019, uma reportagem da BBC News árabe expôs um mercado digital de compra e venda de mulheres para atividades domésticas em países como Arábia Saudita e Kuwait. As transações aconteciam em diversas plataformas digitais, incluindo o Instagram, que pertence ao Facebook.
Na ocasião, a reportagem mostrou que essas mulheres eram submetidas a trabalho forçado, viviam privadas de seus direitos básicos, impossibilitadas de sair e sob o risco de serem vendidas. De acordo com especialistas, as condições são equivalentes à escravidão.
No Instagram diversas publicações e hashtags sobre o tema foram encontradas pela BBC. As mulheres eram categorizadas por raça e podiam ser compradas por poucos milhares de dólares.
Na reportagem da BCC, Apple e Google haviam sido questionados por manterem diversos aplicativos usados para promover o tráfico humano em suas lojas oficiais, incluindo o Instagram.
De acordo com o relatório desta semana do The Wall Street Journal, logo após a investigação da BBC, a Apple procurou o Facebook e cobrou a rede social para tomar ações que combatessem o tráfico humano.
Segundo o relatório, a Apple disse que as ações que o Facebook havia tomado até o momento eram limitadas e ameaçou remover os produtos da empresa da App Store caso a prática não fosse reprimida.
O jornal também mostrou um relatório de 2019 que aponta que o tráfico humano e a escravidão já eram temas de conhecimento do Facebook antes mesmo da investigação da BBC - e a rede social não teria tomado ações para mitigar os danos.
No relatório, um pesquisador do Facebook escreve: "Esse problema era conhecido do Facebook antes da investigação da BBC e da escalada da Apple?". "Sim. Ao longo de 2018 e [da primeira metade de] 2019, conduzimos o Exercício de Entendimento global para entender completamente como a servidão doméstica se manifesta em nossa plataforma em todo o seu ciclo de vida: recrutamento, facilitação e exploração", diz a resposta.
Depois da reportagem da BBC e dapressão da Apple, o Facebook baniu a principal hashtag utilizada para traficar mulheres no Instagram e removeu centenas de contas. "Continuaremos a trabalhar com as autoridades policiais, organizações especializadas e a indústria para evitar esse comportamento em nossas plataformas", disse a rede social na ocasião.