O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira (19) sua conta na rede social GETTR. A plataforma foi criada por um ex-conselheiro de Donald Trump e é muito utilizada por apoiadores do presidente brasileiro.
Apesar de esta ter sido a primeira vez que Bolsonaro falou publicamente sobre sua presença no GETTR, o presidente já acumula mais de 300 mil seguidores em uma conta verificada na plataforma, que tem publicações desde julho deste ano.
"Mais uma rede social alternativa para ampliação de diversas fontes de informação que lamentavelmente são omitidas de forma proposital", escreveu Bolsonaro no Twitter, deixando o link para sua página no GETTR. No GETTR, as publicações de Bolsonaro são basicamente as mesmas que as do Twitter.
GETTR se envolve em polêmica
Criada por um ex-conselheiro de Trump, a rede social se define como defensora da "liberdade de expressão e contra a cultura do cancelamento". A migração de grupos da extrema direita para a plataforma se deu, sobretudo, porque estes buscam um ambiente digital sem moderação, já que as grandes plataformas proíbem publicações que contenham discurso de ódio e desinformação, chegando a banir usuários que desrespeitem repetidamente as regras - como aconteceu com Donald Trump.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro enviou um projeto de lei que prevê que qualquer rede social com mais de 10 milhões de usuário no Brasil - como Facebook, Instagram e Twitter - sejam impedidas de removerem conteúdos, mesmo que eles sejam perigosos, como desinformação e discurso de ódio.
Para especialistas, a medida vai na contramão das boas práticas globais. "O objetivo do Bolsonaro e dos aliados do presidente é justamente evitar o que aconteceu com o Donald Trump. Eles querem evitar que suas contas sejam excluídas perto do período eleitoral ou logo após o período eleitoral, e eles querem poder, por exemplo, deslegitimar o processo eleitoral, falar que as urnas foram fraudadas, falar que o outro candidato ganhou de uma forma ilegal, e que na verdade ele é o vencedor das eleições. Uma lei dessas pode ter essa consequência negativa no cenário político brasileiro, blindar algumas grandes contas para que elas possam promover atos de desinformação e consolidar o que não aconteceu nos Estados Unidos justamente porque o presidente Donald Trump foi banido das plataformas digitais", disse em entrevista ao iG
João Victor Archegas, pesquisador em Direito e Tecnologia no Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio.