Todos os dias, milhões de usuários vão ao YouTube procurar os últimos aparelhos e produtos de beleza promovidos por influencers. A partir da próxima semana, essa busca vai ganhar um incentivo de peso: serão feitas transmissões ao vivo no estilo live commerce que algumas redes de varejo vêm adotando. A novidade faz parte da estratégia do YouTube, às vésperas do Natal, para se tornar uma plataforma de vendas e concorrer diretamente com gigantes do setor, como a Amazon.
O evento ao vivo recebeu o nome de Holiday Stream and Shop. Ao longo de toda a semana, celebridades de redes sociais selecionadas vão vender seus próprios produtos diretamente pela plataforma. Nas semanas seguintes, youtubers poderão fazer o mesmo usando vídeos a partir dos quais será possível adquirir uma mercadoria.
O YouTube, que pertence ao grupo do Google, flerta com a ideia há anos. Os planos foram acelerados durante a pandemia, momento de alta demanda por e-commerce. A empresa enfrenta forte concorrência para atrair verba de publicidade, peça-chave do seu negócio, mas quer competir pesado com a Amazon.
"Queremos dificultar o trabalho deles", afirmou o vice-presidente do YouTube, David Katz, à Bloomberg, referindo-se à empresa de Jeff Bezos. "O YouTube tem uma enorme oportunidade para vendas".
Criptomoedas, uma nova fronteira
Em 2020, o YouTube começou a pedir que youtubers rastreassem os itens que apresentaram nas suas filmagens. Era um passo inicial para construir parcerias para compras feitas diretamente a partir dos vídeos. O último passo foi a contratação da Katz, veterana do e-commerce, e Bridget Dolan, executiva da rede Sephora, para comandar uma nova divisão voltada para vendas.
Inicialmente, o YouTube vai limitar seus serviços de vendas a produtos e tecnologia e de beleza. A Katz afirmou que a operação vai começar apenas com bens físicos, mas pode expandir para itens digitais, e não descartou entrar no negócio de venda de criptomoedas.
Os rivais do YouTube — Facebook, TikTok e Snapchat — também estão tentando se tornar plataformas de vendas. As restrições da Apple sobre publicidades em iPhones estrangularam os principais negócios de propaganda em redes sociais.
As mudanças nas políticas de privacidade da Apple também afetaram as vendas publicitárias pelo YouTube. Entretanto, a plataforma de vídeos tem algo que seus concorrentes nos EUA não tem: as operações de varejo on-line da Google.
Recentemente, a empresa de busca firmou parceria com Shopify, Square e outras firmas para criar uma aliança anti-Amazon no e-commerce. O YouTube vai usufruir no sistema de comércio da Google para se conectar com mercados e sistemas de delivery.