Uma coalizão bipartidária de procuradores-gerais de pelo menos nove estados americanos está investigando como a Meta tem atraído os jovens para o Instagram e os danos potenciais que o uso do app pode lhes causar, informa o jornal britânico Financial Times (FT). A Meta - que antes se chamava Facebook
- é dona do Instagram.
Maura Healey, procuradora-geral de Massachussetts, explica que o objetivo é saber se a empresa violou as leis estaduais de proteção ao consumidor e "colocou o público em risco" ao promover o aplicativo de compartilhamento de fotos para crianças e jovens, "apesar de saber que tal uso está associado a danos físicos e mentais à saúde".
De acordo com o FT, a investigação está centrada em particular nas técnicas utilizadas pela Meta para aumentar a frequência e a duração do tempo que os jovens passam usando o aplicativo.
Em um comunicado, Maura afirma que está coliderando uma coalizão nacional para descobrir o envolvimento da empresa de Mark Zuckerberg com os usuários jovens, a fim de "identificar quaisquer práticas ilegais e acabar com esses abusos para sempre".
"A Meta não pode mais ignorar a ameaça que a mídia social pode representar para as crianças, em benefício de seus resultados financeiros", acrescentou a procuradora.
Além de Maura, estão envolvidos na investigação os procuradores-gerais da Califórnia, Flórida, Kentucky, Nebraska, Nova Jersey, Nova York, Tennessee e Vermont.
A investigação iniciada pelo grupo de procuradores ocorre após reportagem do Wall Street Journal, baseado em documentos vazados pela ex-gerente do Facebook, Frances Haugen, que mostrou que uma pesquisa interna da empresa descobriu que o Instagram tinha um efeito misto na saúde dos jovens — embora a empresa negue as acusações.
Embora alguns usuários que sofrem de solidão tenham relatado uma experiência positiva com o uso do Instagram, por exemplo, descobriu-se que isso também aprofunda a preocupação das adolescentes com a imagem corporal.
Os documentos aos quais o Financial Times teve acesso mostram que os usuários mais jovens estão gastando menos tempo e produzindo menos conteúdo no Instagram, atraídos por rivais como o aplicativo de vídeos curtos TikTok.
A reportagem do FT lembra ainda que as demandas para melhorar a proteção de crianças em aplicativos de mídia social ganharam força este ano.
Em uma audiência na Câmara dos Representantes dos EUA, Zuckerberg, presidente-executivo da Meta; Jack Dorsey, do Twitter; e Sundar Pichai, presidente-executivo do Google, enfrentaram várias acusações de que suas plataformas são deliberadamente projetadas para fisgar os usuários jovens desde muito cedo, rastrear crianças on-line e expô-las a conteúdo tóxico.
A Meta inclusive suspendeu os planos de lançar o Instagram Kids , uma versão do aplicativo para menores de 13 anos, após uma reação do público, de membros do Congresso e de uma coalizão bipartidária de 44 procuradores-gerais, devido a preocupações semelhantes.