Documentos vazados revelam verdade sobre Facebook
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Documentos vazados revelam verdade sobre Facebook

Documentos internos do Facebook  mostram como a plataforma ajudou a disseminar desinformação e discurso de ódio no Brasil. Os relatórios, conhecidos como Facebook Papers, fazem parte do enorme vazamento feito pela ex-funcionária Frances Haugen , que enviou os documentos à imprensa.

De acordo com documentos obtidos pelo Estadão, é possível perceber que o Facebook sabia que o Brasil era um dos grandes alvos de conteúdos tóxicos na rede social - e não fez muito para resolver o problema.

Um dos relatórios, sem data de publicação, mostra que as denúncias de brasileiros sobre conteúdos de ódio no Facebook dobrou entre julho de 2019 e julho de 2020, mesma época em que a plataforma anunciou medidas para conter esse tipo de publicação. O pico de reclamações aconteceu em março de 2020, quando a pandemia de Covid-19 se tornou preocupante no Brasil.

Documentos citam caso brasileiro

Ainda segundo o Estadão, um estudo interno realizado em março de 2021 pelo Facebook mostrou grupos com ações coordenadas em diferentes países. Um dos exemplos foi a página brasileira Ordem Dourada do Brasil (ODB) que, de acordo com o relatório, tem publicações "evangélicas, pró-Bolsonaro, conspiratórias, pró-ditadura militar e pró-armas".

Por seu caráter antidemocrático, a recomendação era a de que a página fosse excluída. O Estadão confirmou, porém, que ela continua ativa e faz publicações frequentes.

Em outro documento, um tópico chamado "lições aprendidas no Brasil" mostra que as eleições de 2018 foram marcadas por comportamentos coordenados, já que 35% do conteúdo político foi gerado por apenas 3% das contas que publicaram material do tipo.

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Nos relatórios do Facebook, o Brasil é frequentemente classificado como um "país de risco", notou o Estadão. Essa classificação é usada pelo Facebook para definir localidades onde há potencial de violência em massa. Em um dos papéis, um funcionário classifica o país como "a mais recente grande democracia a enfrentar uma assustadora erupção de desinformação e ódio no Facebook".

Em 2020, outro documento mostra a preocupação da empresa com a saída de usuários brasileiros da rede social. O arquivo mostra o seguinte comentário de um pesquisador: "Vimos [a debandada de usuários] acontecer no Brasil durante as duas últimas eleições. Muitas amizades foram perdidas, cansadas de ver o mesmo grupo de pessoas postando o mesmo conteúdo exagerado repetidas vezes".

Além de problemas com desinformação e discurso de ódio, os documentos vazados também revelaram que o Facebook notou problemas de vício na rede social por usuários brasileiros.

Ao Estadão, o Facebook disse que "é legítimo sermos questionados pela maneira como lidamos com alguns dos temas mais complexos que enfrentamos. No entanto, algumas interpretações estão incorretas e conferem intenções falsas à empresa".

"Milhares de pesquisadores, especialistas em políticas e engenheiros da Meta [nova holding do Facebook] se esforçam para melhorar a qualidade de nossos produtos e compreender os impactos positivos e negativos por meio de pesquisas. O que seria preocupante é se a Meta não fizesse esse tipo de pesquisa. Esses são problemas para os quais não há respostas fáceis, e nenhum deles pode ser resolvido apenas pelas empresas de tecnologia. É por isso que trabalhamos em parceria com pesquisadores, reguladores e legisladores", continuou a companhia.

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