O uso de uma nova faixa de 5G (a nova geração de internet móvel) nos EUA está abrindo uma disputa entre companhias aéreas e operadoras de telefonia.
O 5G já está disponível no mercado americano, mas uma nova faixa desta tecnologia, chamada Banda C, que opera em frequência próxima à usada pelos altímetros (radares que medem a altitude das aeronaves) está prevista para entrar em operação no próximo dia 5, quarta-feira.
Atendendo a um pedido da Airlines for America, grupo que representa as 10 maiores companhias aéreas americanas, a autoridade regulatória dos EUA solicitou que a entrada em operação dessa faixa do 5G fosse adiada.
Mas a Verizon e a AT&T, maiores operadoras de telefonia dos EUA e que planejam lançar o novo espectro do 5G, recusaram a demanda e aceitaram apenas adiar por seis meses o uso desta banda C no entorno dos maiores aeroportos americanos.
Segundo as operadoras, adiar por completo a nova faixa do 5G iria prejudicar “milhões de consumidores, empresas e clientes governamentais”, segundo carta enviada pela Verizon e a AT&T à Federal Aviation Administration (FAA), agência que regula os voos nos EUA.
As empresas aéreas, por sua vez, alertaram que a entrada em vigor da nova frequência poderá afetar até 350 mil voos por ano:
"Sem medidas apropriadas de mitigação, o uso do 5G no entorno dos aeroportos poderá afetar até 345 mil voos de passageiros – afetando 32 milhões de passageiros - além de 5.400 voos de carga por ano, com atrasos, desvios ou cancelamentos", disse a associação do setor.
As companhias aéreas e os fabricantes de aeronaves argumentam que uma possível interferência nas frequências cria risco à segurança nas aterrissagens. As operadoras de telefonia, por sua vez, argumentam que usam pouca energia nessas faixas, o que evitaria interferências. E, ainda, que a distância entre a frequência 5G e a usada pelos altímetros é grande o suficiente para garantir a segurança da operação.
As operadoras argumentam ainda que desenvolver a tecnologia 5G é uma prioridade para o país, que está numa corrida tecnológica com a China para avançar na quinta geração de telefonia móvel e que enfrenta pressões adicionais para digitalizar sua economia após a pandemia de Covid.
As empresas de telefonia pagaram mais de US$ 80 bilhões em licenças para as frequências de 5G alvo da disputa com as aéreas. A AT&T e a Verizon dependem dessas faixas para ampliar a capacidade de suas redes e concorrer em iguais condições com a T-Mobile.