Para mim, ir ao espaço, ver o planeta lá de cima, imaginar o que somos, isso aumentou muito meu relacionamento com Deus. Essa foi a emoção que tive quando estive no espaço. Esse momento aumentou a minha fé. Posso imaginar a emoção dos 4 tripulantes que alcançaram o espaço essa semana.
“Daqui parece um mundo perfeito”, disse Jared Isaacman, comandante da Missão Polaris Dawn, quando caminhava, como um turista, no espaço. Jared é um bilionário, piloto, empresário e CEO de uma empresa de processamento de pagamentos dos Estados Unidos. Ele foi o primeiro astronauta não profissional do mundo a sair do veículo e ficar 10 minutos no espaço. Embora não tenha sido sua primeira vez numa aventura como essa, certamente, é a missão que cria um marco histórico na exploração comercial do espaço. Isaacman já tinha realizado uma viagem espacial, em 2021: a Inspiration 4, também da SpaceX, com a tripulação totalmente civil e arrecadou mais de $240 milhões para o St. Jude Children's Research Hospital.
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A espaçonave Dragon decolou do Complexo de Lançamento do Centro Espacial
Kennedy, da Nasa, na Flórida (EUA) com 4 tripulantes civis. Além de Jared, Sarah Gillis, Especialista em Missão (assim como eu), também saiu e caminhou no espaço. Ela é Engenheira de Operações Espaciais na SpaceX e supervisiona o programa de treinamento de astronautas da empresa, preparando astronautas para várias missões bem-sucedidas. É uma controladora de missão experiente e uma entusiasta de atividades ao ar livre, incluindo caminhadas e escaladas. Os outros dois integrantes da equipe não saíram da nave, mas garantiram que tudo ocorreria bem. Scott Poteet, amigo de Jared e Piloto de Missão é um Coronel aposentado da Força Aérea Americana, servindo a várias operações de combate. Foi o Diretor de Missão da Inspiration4 na Terra e é um atleta competitivo, tendo participado de várias competições Ironman.4. Anna Menon, é Especialista em Missão e Oficial Médico. Engenheira de Operações Espaciais na SpaceX, Menon gerencia o desenvolvimento das operações da tripulação e atua no controle da missão. Antes da SpaceX, trabalhou na NASA como controladora de voo biomédica para a Estação Espacial Internacional. Tem um histórico de serviço e apoio a causas humanitárias, além de ser apaixonada por dança e aviões pequenos. Este será o primeiro voo espacial humano para os três. E também será a primeira vez que dois funcionários da SpaceX farão parte de uma tripulação de voo espacial humano, fornecendo insights para futuras missões na trajetória para tornar a vida multiplanetária. Os tripulantes passaram mais de dois anos em treinamento intensivo com várias horas em simuladores, mergulho, paraquedismo entre outros tipos de treinamento. Eu passei por isso, mas ainda tive que aprender a língua russa em cinco meses.
Um grande diferencial dessa missão é o ousado objetivo de alcançar a maior órbita terrestre já feita desde o programa Apollo (1970). Eles estarão muito longe da Terra, cerca de 1,4 mil quilômetros. Este rompimento de barreiras técnicas pode abrir o caminho para missões interplanetárias, um avanço fundamental para futuras missões a destinos como Marte, mesmo que a longo prazo, mas que já vem sendo planejado no mundo todo, inclusive por mim.
Um dos objetivos mais notáveis da missão é caminhar como turistas no espaço e realizar a primeira atividade extraveicular (EVA) com astronautas comerciais usando trajes desenvolvidos pela Space X. A empresa de Elon Musk desenvolve trajes espaciais como roupas normais que se ajustam no corpo, diferentes daqueles que já são de conhecimento. Jared e Sarah já fizeram alguns testes na manhã de hoje. As roupas espaciais são verdadeiras aeronaves espaciais com conexão à cápsula da nave e ligados por cabos de fornecimento de oxigênio. O momento da caminhada aconteceu a 700 km acima da Terra. O objetivo conquistado demonstra que o setor privado é capaz de alcançar o avanço da tecnologia espacial. A caminhada “turística” fora do ambiente de governo é um indicativo claro de que a exploração do espaço já está entrando em uma nova era.
A missão deve durar 5 dias com 36 estudos e experimentos em parceria com 31
instituições diferentes, a fim de avançar na área da saúde humana tanto na Terra como em voos espaciais de longa duração e, claro, testar as comunicações Starlink em laser no espaço. A missão quer validar as tecnologias oferecidas pela SpaceX para levar astronautas não profissionais até o espaço, possibilidades de suporte à vida, pesquisas médicas e conectividade de internet no espaço.
A Missão Polaris Dawn promete romper fronteiras e criar oportunidades para a
humanidade. Esse tipo de iniciativa é extremamente importante para consolidar o papel da inovação científica mundial. Essa missão faz parte de um conjunto de voos comerciais que visam expandir o alcance das viagens espaciais e fortalecer o desenvolvimento de tecnologias de ponta. Esse apoio mútuo entre o público e o privado, que eu defendo com firmeza e quero implementar no Brasil, é um bom exemplo do caminho que a tecnologia e a ciência precisam seguir.
O impacto tecnológico da missão não é grandioso apenas na área espacial, mas explica como a tecnologia espacial pode transformar setores da nossa sociedade aqui na Terra. Os testes de equipamentos e experimentos têm influência direta na economia, saúde, educação e comunicação. Os avanços obtidos nessas missões trazem bons resultados no nosso cotidiano.
Investir em ciência não é somente sobre o progresso científico, mas crescimento
econômico, soluções e facilidades nos produtos descobertos. É uma vasta possibilidade de criação de empregos e expansão de setores como engenharia e computação. O Brasil pode e deve se beneficiar dos dados coletados nessas missões. Existe uma onda global de inovação, da qual muitos têm medo, mas é inevitável.
Itens do nosso dia a dia são resultados de pesquisas espaciais. Tecnologias
desenvolvidas em missões espaciais ficam disponíveis para todos nós aqui na Terra. Alguns exemplos simples: marca-passo; tênis de corrida com amortecimento; GPS; cobertores térmicos; drones; tecidos isolantes térmicos; câmeras digitais, ferramentas sem fio; satélite de monitoramento de desastre ambiental; fazenda vertical de alimentos e muitos outros. Se você tem curiosidade para saber mais sobre isso, vá até o site Spin-Off da Nasa e veja como o nosso dia a dia está extremamente ligado com a indústria espacial.
A Missão Polaris Dawn da SpaceX testou equipamentos pioneiros, foi bem-sucedida e tudo foi transmitido pelo site da SpaceX. A NASA também contribuiu com a realização desse sonho, ajudando a financiar a construção da Crew Dragon, há quase 10 anos.
O que antes era exclusivo de astronautas treinados em agências espaciais
governamentais, Elon Musk, por meio de sua empresa, conseguiu levar pessoas comuns para além da órbita terrestre. O Brasil precisa estar atento a essas oportunidades e garantir que a nossa juventude tenha acesso a uma educação de qualidade e a experiências como essas. Essa realização extraordinária mostra que a ciência aeroespacial está evoluindo rapidamente. Se quisermos nos manter na vanguarda deste desenvolvimento, devemos investir de forma contínua. Precisamos promover políticas públicas que incentivem parcerias entre governo e setor privado, fortalecendo a pesquisa científica e o desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil. Precisamos incentivar as novas gerações. Eu ainda sou o único Astronauta profissional brasileiro. Espero que essa missão tenha inspirado novos brasileiros aventureiros, engenheiros, cientistas, médicos e exploradores obstinados a explorar o novo.
A Polaris Dawn ultrapassou fronteiras do espaço e se lançou no futuro da exploração comercial. O feito de dois astronautas não profissionais caminhantes no vazio infinito do espaço demonstra que, com o avanço tecnológico e o comprometimento de empresas privadas como a SpaceX, o sonho de muitos em alcançar as estrelas está se tornando uma realidade tangível. Um dia, qualquer um de nós que, impulsionado pelo desejo de explorar, caminhará além dos limites da Terra.