Ter mais autonomia, segurança e estar inserido no universo dos mais jovens. Esses são alguns dos desejos de idosos e idosas quando a assunto é tecnologia , segundo o educador Nilson Rocha.
Ele faz parte do projeto Hábil Idade, da Associação Move Cultura, que oferece cursos de inclusão digital para cerca de 300 idosos , a partir de 60 anos, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.
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“Eles querem ter autonomia, fazer o que filhos e netos estão fazendo na internet e no celular”, afirma. Nilson conta que os aplicativos para celular que geram mais interesse entre seus alunos são os de transporte.
“O primeiro que eles querem aprender a usar é o Uber, ou um similar. Eles estão buscando autonomia, porque querem sair de casa sem precisar da ajuda dos filhos”, conta.
O problema é que muitas vezes, os idosos não sabem interagir com dispositivos e aplicativo com a mesma desenvoltura dos jovens.
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“É uma questão geracional, eles não nasceram em uma época que a internet já era uma realidade e se surpreendem com a rapidez do digital”, explica Nilson.
No projeto, as aulas começam com o básico, ensinando a mexer no mouse , acessar a internet e criando uma conta de e-mail . Esse começo é feito no computador .
“Nosso objetivo é migrar para celular, mas começamos pelo computador para que alguns conceitos sejam assimilados de forma mais fácil”, relata.
Há dez anos a dona de casa Maria José Penido Shikida, 75, procurou um curso de informática . “Foi muito bom, mudou minha vida, porque naquela época eu não sabia nada, nem ligar o computador˜, relata.
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“Foi com esse curso que eu fui aprendendo e até hoje consigo fazer tudo no computador e no celular. Tenho contato com a minha professora até hoje”, afirma Maria José.
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Entre os obstáculos da inclusão digital de idosos Nilson cita o vocabulário específico e os termos em inglês. O educador ainda afirma que muitas vezes a postura da família pode atrapalhar.
“Os filhos e os netos têm o hábito de fazer as coisas para os idosos e não ensinar, que seria ideal. No curso, incentivamos que eles façam o máximo de coisas sozinhos, para estimular a autonomia”, conclui.
Desejos: compras e socialização
Segundo Nilson, os idosos que procuram o curso estão ávidos por usufruir dos benefícios da tecnologia . “Eles querem tirar foto, fazer vídeoconferência com parentes distantes, socializar nas redes sociais, mandar mensagens”, diz o instrutor.
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E eles estão se equipando para isso. Segundo uma pesquisa conduzida pela Pipe.Social e Hype60+ 92% dos idosos possuem smartphone .
Segundo o educador, os aplicativos mais procurados depois do Uber , são as redes sociais como Facebook, WhatsApp e Instagram. Serviços de streaming , como o Netflix também são populares.
É o caso também de Maria José. “Eu tenho tudo no meu celular. Utilizo muito o WhatsApp, mas gosto de acessar o Facebook também”, conta a dona de casa.
Nas turmas de Nilson até o Tinder faz sucesso. “A verdade é que muitos são solitários e enxergam no aplicativo de relacionamento uma oportunidade de conhecerem pessoas. E estão certos”, afirma.
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Os alunos também buscam facilidades. “Poder pagar uma conta pelo celular sem precisar sair de casa, ou fazer compras e receber na porta, são algumas facilidades importantes para os idosos. Muitos moram sozinhos ou têm dificuldade de ficar saindo de casa”, explica.