Vazamentos de dados
têm se tornado cada vez mais comuns
, e muitos deles incluem senhas
de diversos serviços da internet. Além disso, a recente e ampla adoção do
home office
tem tornado os ataques cibernéticos
mais frequentes
. Esses são alguns dos fatores que fazem especialistas em cibersegurança
afirmarem que senhas alfanuméricas estão obsoletas.
Um desses especialistas é Nycholas Szucko, chairman da empresa de cibersegurança Blockbit. Nycholas é um dos que acredita em um mundo " passwordless ", ou seja, sem senhas. Ele explica que, atualmente, os usuários que querem proteger a privacidade precisam apostar em senhas fortes e que, ao mesmo tempo, sejam fáceis de memorizar.
Isso pode dar um certo trabalho que parece não compensar, já que o cibercrime está cada vez mais especializado
. "Mesmo com essa complexidade toda, os atacantes conseguem adivinhar as senhas dos usuários", afirma.
É hora de abandonar as senhas?
Em alguns anos, projeta o mercado, as senhas alfanuméricas devem ser substituídas por padrões de desenhos, reconhecimento facial e autenticação biométrica. Nycholas conta que, atualmente, já dá para usar bem menos as senhas, sobretudo no âmbito empresarial. Para isso, é necessário usar dispositivos que permitam o cadastro de biometria para acessar os mais variados serviços.
Isso não significa que já é possível abandonar as senhas por completo, sobretudo na vida pessoal, com tantos aplicativos e redes sociais . Mas há uma maneira de tornar as senhas mais seguras, que é inserir o duplo fator de autenticação.
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Essa dica é uma das principais para proteger seus dados na internet, e muitas redes sociais já oferecem essa função. O duplo fator nada mais é do que uma camada extra de proteção, que exige, geralmente, uma autenticação por SMS que não envolve senhas . Assim, mesmo que sua senha tenha vazado, os cibercriminosos ainda não vão conseguir acessar seus serviços.
Senhas existirão no futuro?
A tendência é que, em um futuro próximo, esse tipo de autenticação substitua, de fato, as senhas alfanuméricas. Mesmo que o cibercrime evolua junto com a cibersegurança, essas outras formas de autenticação devem proteger a privacidade dos internautas.
Nycholas explica que, sim, os golpistas vão aprimorando as técnicas de ataques. Ou seja, se ele consegue a senha se uma pessoa e ela tem um duplo fator de autenticação ativado naquele serviço, ele pode se esforçar um pouco mais para conseguir também burlar esse duplo fator - algo que já acontece na clonagem do WhatsApp . Mas chega um momento, explica o especialista, que não compensa para o cibercrime investir em técnicas que não vão resultar em tanto retorno financeiro.
Por isso, além do duplo fator, o especialista aconselha que outras medidas "básicas" sejam tomadas para a proteção online. A atualização constante de aplicativos e sistemas operacionais é uma delas
, já que as empresas corrigem com frequência falhas de segurança. Além disso, manter um bom antivírus
instalado
e, no caso de empresas, criptografar dados
e treinar os funcionários é essencial.
"Fazendo esse básico bem feito, eu estou aumentando tijolinhos no meu muro. Com certeza o atacante está aumentando a vara dele. Mas vai chegar uma hora que ele vai falar: 'poxa, mas para quê eu vou aumentar tanto a minha vara se eu não tenho esse retorno financeiro?'", comenta.
Nycholas acredita que, conforme todas as empresas e pessoas forem evoluindo na proteção de dados e adicionando mais camadas de segurança , as senhas alfanuméricas deixarão de fazer sentido em alguns anos. Ainda assim, garante ele, "você vai conseguir estar bem protegido".