Redes sociais exploram novo modelo de negócios
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Redes sociais exploram novo modelo de negócios


O TikTok e a Meta, dona das redes sociais Facebook e Instagram, estão explorando a possibilidade de lançarem  versões pagas das plataformas digitais que não mostrem anúncios aos usuários. Embora a novidade ainda não tenha sido oficializada pelas empresas, valores e detalhes já vazaram na imprensa estadunidense.

Versões sem anúncios seriam a resposta das grandes redes sociais a novas leis europeias que garantem a proteção de dados pessoais dos usuários. As alternativas teriam um custo e dariam às pessoas a possibilidade de utilizar as plataformas sem terem suas informações utilizadas para a personalização de anúncios.

Novas leis europeias

As  novas leis aprovadas pela União Europeia são a Lei dos Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês) e a Lei dos Mercados Digitais (DMA). Consideradas por especialistas como as mais avançadas do mundo, as leis impõem limites às empresas de tecnologia tanto no que diz respeito ao funcionamento para os usuários quanto em relação à concorrência.

E algumas das regras previstas por essas leis - a maioria entra em vigor em fevereiro do ano que vem - atingem diretamente a forma como as redes sociais ganham dinheiro. Atualmente, plataformas como Facebook, Instagram, TikTok e Twitter lucram através de publicidade direcionada aos usuários.

Isso significa que todas as informações que as pessoas dão às redes sociais, como curtidas, comentários, compartilhamentos, buscas e vídeos assistidos, são usadas por elas para traçar um perfil de cada pessoa, entendendo seus gostos pessoais. Esse perfil é usado para direcionar não apenas conteúdo, mas também publicidade.

Através de anúncios direcionados, as plataformas conseguem atingir exatamente o público pretendido por uma marca, fazendo com que elas ganhem mais dinheiro de anunciantes. Embora muito lucrativo para as empresas de tecnologia,  esse modelo de negócios é pouco positivo para a proteção de dados pessoais dos usuários.

Justamente por isso, a União Europeia aprovou as leis que avançam na proteção das pessoas que usam as redes sociais. Dentre diversas outras regras, as novas legislações exigem que:

  • empresas deixem de direcionar anúncios com base em dados pessoais sensíveis, como opiniões políticas ou orientação sexual;
  • empresas obtenham o consentimento dos usuários antes de processar dados pessoais para publicidade direcionada.

Além da DSA e da DMA, recentes decisões tomadas por tribunais europeus envolvendo o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês) também apontam para a ilegalidade no uso de informações pessoais para o direcionamento de anúncios por parte das empresas de tecnologia.

Atualmente, ao utilizar qualquer rede social, os usuários já concordam com suas políticas de privacidade, que prevêem o uso de informações pessoais para o direcionamento de publicidade. Até o momento, porém, as pessoas que não concordam com esses termos não têm outra opção a não ser não utilizar a plataforma em questão.

E é justamente isso que reguladores da União Europeia negociam com a Meta, segundo o jornal estadunidense The Wall Street Journal: a possibilidade dos usuários negarem o uso dos dados para direcionar anúncios e, mesmo assim, seguirem utilizando as plataformas.

Versões pagas das redes sociais

Como a medida acabaria com o modelo de negócios das empresas, foi criada uma alternativa, que seria a cobrança de uma taxa mensal para quem não quiser ter seus dados pessoais sendo utilizados para direcionar publicidade. Essas versões seriam lançadas apenas em países da União Europeia, onde as empresas de tecnologia estão na mira dos reguladores.

Segundo o Wall Street Journal, a Meta trabalha em opções que custariam:

  • 10 euros, para usar o Facebook ou o Instagram no computador sem anúncios;
  • 16 euros, para usar as duas redes sociais no computador sem anúncios;
  • 13 euros, para usar o Facebook ou o Instagram no smartphone sem anúncios.

Por enquanto, não se sabe se a proposta da Meta será aceita pelos reguladores europeus. Além da empresa, o TikTok também estaria trabalhando em uma versão paga sem anúncios, segundo o Android Authority. Nesse caso, a taxa seria mais baixa, de US$ 4,99.

Ao TechCrunch, o TikTok confirmou os testes da novidade, e disse que eles são referentes a "um único mercado de língua inglesa fora dos Estados Unidos". Embora a empresa não tenha revelado o país, é bastante provável que seja a Irlanda, onde fica o centro de dados do TikTok na Europa.

Mais mudanças

A possibilidade de cobrar uma mensalidade pelo acesso não é a única mudança que a Meta vem fazendo em suas plataformas na União Europeia. Também com base nas novas legislações, a  empresa liberou um feed cronológico do Reels na região.

A medida chega para atender a uma demanda da DSA, que exige que os usuários tenham uma alternativa além do feed gerado por algoritmos que levam em consideração dados pessoais dos usuários para definirem seus perfis.

A Meta já permitia globalmente que usuários vissem o feed padrão em ordem cronológica em suas redes sociais, mas isso não era possível no feed de Reels, que imita o do TikTok. Com a mudança, implementada em agosto, apenas usuários europeus têm acesso à novidade.

"Temos trabalhado arduamente para responder a essas novas regras e adaptar os sistemas e processos de segurança e integridade existentes que temos em vigor em muitas das áreas reguladas pela DSA", afirmou Nick Clegg, presidente de assuntos globais da Meta, em uma publicação no blog da empresa na ocasião.

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