Há um ano, no dia 27 de outubro de 2022, o bilionário Elon Musk anunciava que tinha concluído a compra do Twitter
. O negócio foi fechado depois de meses de imbróglio, com Musk desistindo da compra e sendo processado pela empresa.
No dia em que concluiu a negociação, o empresário disse que não comprou a rede social para ganhar dinheiro, mas sim para "tentar ajudar a humanidade". No dia seguinte, Musk publicou no Twitter a frase "o pássaro está livre", em referência ao ícone da rede social e às suas opiniões relacionadas à moderação de conteúdo na plataforma.
"A razão pela qual adquiri o Twitter é porque é importante para o futuro da civilização ter uma praça comum digital, onde uma ampla gama de crenças possa ser debatida de maneira saudável, sem recorrer à violência", disse ele há um ano.
Nesta sexta-feira (27), Musk repostou a frase sobre o pássaro e acrescentou: "Liberdade. Eu libertei o pássaro".
Mudanças no Twitter sob Musk
Um ano depois da compra, o pássaro do Twitter sequer existe. Em julho deste ano, Musk renomeou a plataforma , que agora se chama X, e trocou a imagem do pássaro azul por uma letra "X" branca em um fundo preto.
A mudança de nome e identidade visual foi o passo final em uma jornada de mudanças pelas quais o Twitter já vinha passando.
Logo que comprou a plataforma, Musk demitiu o CEO e vários executivos do alto escalão , no que seria o início de um processo de demissão em massa que colocou na rua cerca de 70% dos funcionários da empresa.
Neste último ano, o Twitter também passou a cobrar uma assinatura mensal de quem quisesse ter o selo de verificação em sua conta. Com o passar dos meses, mais e mais recursos foram adicionados à assinatura, fazendo com que funções básicas deixassem de ser grátis - como autenticação em dois fatores por SMS, mensagens criptografadas e criação de enquetes.
Para o futuro, o bilionário promete mais ferramentas, como transações bancárias. A ideia é tornar o X o "aplicativo de tudo", indo bem além de uma rede social.
Liberdade de expressão?
Uma das "promessas de campanha" de Musk antes de comprar o Twitter era a de tornar a plataforma mais livre. O bilionário sempre discursou a favor do que ele chama de liberdade de expressão, e criticava a moderação de conteúdo do Twitter.
Com as demissões em massa promovidas por Musk, a equipe de moderação se tornou mais reduzida, aumentando a desinformação e o discurso de ódio na plataforma.
Ao contrário do que Musk pregava, porém, a liberdade de expressão não aumentou. Desde que assumiu a rede, o bilionário já promoveu ações contra perfis de humoristas e jornalistas que o criticavam, além de ter forçado uma promoção dos seus próprios tuítes.
Às vésperas de completar um ano nas mãos de Musk, o Twitter recebeu um título do qual não deveria se orgulhar. No final de setembro, a vice-presidente de valores e transparência da Comissão Europeia, Věra Jourová, afirmou que o Twitter é a "plataforma com a maior proporção de postagens falsas e desinformação".
A afirmação foi feita depois do órgão receber relatórios de todas as grandes plataformas digitais sobre medidas para o combate à desinformação, menos do Twitter. Os relatórios fazem parte das iniciativas do Código de Conduta da Desinformação, que conta com 44 signatários, incluindo Facebook, Google, YouTube, TikTok e LinkedIn - o X se recusa a assinar o acordo.
A reportagem tentou contato com o Twitter para comentar o assunto, mas recebeu a seguinte resposta automática: "Ocupado agora, volte mais tarde". Essa, aliás, é mais uma mudanças implementada por Musk: há um ano, a rede social não atende os pedidos da imprensa. A resposta automática atual é, ao menos, mais educada que a enviada há alguns meses, quando os jornalistas recebiam um emoji de cocô como resposta.