Entenda como a novidade no iOS impacta a indústria de tecnologia
Unsplash/Mihai Moisa
Entenda como a novidade no iOS impacta a indústria de tecnologia



A chegada do App Tracking Transparency nos dispositivos Apple com iOS 14.5 tem tumultuado o universo das big techs. Isso porque a nova ferramenta da empresa da maçã  exige que os aplicativos em sua App Store peçam permissão aos usuários para coletar dados , fator que deverá impactar a receita de diversas companhias.

A lógica é simples: por não cobrarem pelos seus serviços, aplicativos gratuitos precisam de algum meio para gerar receita. O Facebook , por exemplo, rastreia as atividades de usuários em outros sites e apps para direcionar anúncios personalizados. Inclusive, o envio de publicidade personalizada é responsável por 97% dos valores obtidos anualmente pela empresa.

No entanto, o novo recurso da Apple permite que o usuário concorde ou não com a coleta de dados dos apps. Em caso de recusa, o identificador anônimo para anunciantes (IDFA) dos dispositivos são desabilitados, o que impossibilita o direcionamento de anúncios relevantes pelos aplicativos.

Em janeiro deste ano, o próprio Mark Zuckerberg , dono do Facebook e Instagram, afirmou que o lançamento da ferramenta poderá encarecer a internet, já que diversos apps gratuitos, dependentes da publicidade, poderão se tornar pagos pela diminuição das receitas.

Com isso, foi instaurada uma verdadeira batalha entre aplicativos e a Apple. De um lado, há quem diga que o recurso vai prejudicar negócios de empresas menores. Do outro, a empresa de Tim Cook assegura que a medida será um grande passo para reforçar a privacidade de seus usuários.

Mas afinal de contas, seria a Apple tão “boazinha” para criar um recurso em defesa de seus clientes a troco de nada?

Por trás do App Tracking Transparency

Embora o App Tracking Transparency, de fato, reforce a privacidade de seus usuários, a medida vai beneficiar a própria empresa. Isso porque sua loja de aplicativos (App Store) cobra uma comissão de 30% das transações feitas em apps alocados em sua plataforma — a taxa para desenvolvedores menores foi reduzida para 15% no ano passado.

Naturalmente, se apps gratuitos começarem a cobrar pelos seus serviços, as taxas cobradas pela Apple poderão aumentar consideravelmente.

Basta pegar o exemplo de Facebook e Instagram , duas das redes sociais mais usadas no mundo todo, que possuem, juntas, quase 4 bilhões de usuários mensais ativos. Agora imagine uma possível captação da App Store caso essas redes sociais tornem-se pagas ou incluam assinaturas em seus serviços.

Não à toa, Zuckerberg acusou que a nova ferramenta da Apple claramente visa “seus interesses competitivos”.

Efeito dominó

Um possível aumento na comissão cobrada na lojas de aplicativos da Apple pode significar uma derrota “em dobro” para os desenvolvedores de apps. Isso porque é preciso levar em conta as taxas pagas para a loja de aplicativos do Google .

O Google Play também cobra uma tarifa de 30% de todas as compras feitas em sua loja. Inclusive, a plataforma seguiu os passos da App Store e decidiu reduzir a comissão para 15% para desenvolvedores menores.

Ou seja, se as comissões pagas à Apple aumentarem com uma possível precificação de serviços gratuitos, as taxas cobradas pelo Google Play também deverão ser ampliadas. Consequentemente, a perda de receitas dos apps poderá ser ainda maior.

Apple x Epic Games

Um fator que pode complicar ainda mais esse embate entre big techs e a nova ferramenta da Apple é a disputa da empresa da maçã contra a Epic Games , desenvolvedora do jogo Fornite .

A última segunda-feira (3) marcou o início do processo da Epic Games contra a Apple. A desenvolvedora de jogos acusa a Apple de violar a lei antitruste , já que a comissão de 30% cobrada na App Store fortaleceria o monopólio de sua loja de aplicativos.

É fato que a ação judicial deve se estender por um bom tempo, já que são esperadas apelações da decisão por parte da empresa derrotada no processo.

Contudo, o resultado do julgamento pode interferir — positivamente ou negativamente — nos impasses diante da chegada do App Tracking Transparency.

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