O TikTok pretende entrar na Justiça com um processo contra o governo de Donald Trump para questionar o decreto que proíbe transações de empresas nos Estados Unidos com o popular aplicativo de vídeo .
A empresa informou que "discorda fortemente" das preocupações levantadas por Trump quando emitiu a ordem executiva que proíbe negócios com o aplicativo dentro de um prazo de 45 dias. Ele posteriormente deu um prazo de 90 dias para que a ByteDance, dona do TikTok , se desfaça de suas operações nos EUA.
"O que encontramos foi a falta do devido processo legal enquanto o governo não prestou atenção aos fatos e tentou interferir em negociações em negócios privados", disse um porta-voz do TikTok em nota. "Para assegurar que o devido processo legal não seja descartado e que nossa companhia e usuários sejam tratados de forma justa, não temos outra escolha a não ser desafiar esse decreto por meio do sistema judicial".
A empresa acrescentou que tentou trabalhar em uma solução com o governo americano para tratar de suas preocupações ao longo de quase um ano.
A ordem executiva de Trump foi dada com base numa lei de 1977 que permite ao presidente dos Estados Unidos declarar emergência nacional em resposta a uma "ameaça incomum e extraordinária", permitindo que ele bloqueie transações e apreenda bens.
Atrás nas pesquisas eleitorais na disputa pela reeleição em novembro, Trump tenta, segundo analistas, cativar o eleitorado nacionalista com um novo inimigo externo, desta vez no front tecnológico. Pesquisa recente do instituto Pew mostra que a estratégia pode ter apelo: três quartos dos americanos têm uma visão desfavorável da China, o patamar mais alto dos últimos 15 anos. Além disso, um em cada quatro americanos avalia que a China é inimiga do país.
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O argumento da Casa Branca para banir o TikTok é que este representa uma ameaça à segurança por permitir acesso do Partido Comunista Chinês a informações pessoais dos americanos, potencialmente permitindo que a China rastreie a localização de funcionários federais, construa dossiês de informações pessoais para chantagem e conduza espionagem corporativa.
O TikTok, de propriedade da empresa chinesa ByteDance, tem atraído interesse por suas operações nos EUA e em outros países. A Microsoft declarou publicamente sua disposição em comprar os negócios do aplicativo de vídeo em EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Outras empresas, incluindo a Oracle, a segunda maior fabricante de software do mundo, e o Twitter, também despontaram como potenciais interessados.
Recentemente, Trump se manifestou a favor da compra das operações do TikTok nos EUA pela Oracle . A empresa é controlada pelo bilionário Larry Ellison, um dos poucos magnatas no Vale do Silício a apoiar abertamente o presidente americano. O bilionário chegou a organizar uma campanha de arrecadação de fundos para Trump em sua casa.
Analistas e banqueiros estimam o valor dos negócios da TikTok nos EUA entre US$ 20 bilhões e US$ 50 bilhões, uma ampla faixa que reflete a complexidade envolvida na separação dos negócios americanos e globais do TikTok.
A ByteDance comprou o aplicativo Musical.ly em 2017 e o fundiu com o TikTok, criando um aplicativo com mais de 100 milhões de usuários apenas nos EUA. Segundo a agência Reuters, o TikTok poderia entrar na Justiça já nesta segunda-feira.
De forma separada, um processo movido por um funcionário contra a proibição nos EUA, que transcorre de forma independente do que foi anunciado pela companhia, está sendo custeado por meio de uma campanha de crowdfunding.
Além do Tiktok, outras grandes empresas do setor de tecnologia na mira de Trump são o WeChat e a Huawei .