2023 foi um ano movimentado para as redes sociais, sobretudo aquelas de textos curtos. Foi neste ano que o Twitter se tornou o X
e a Meta tentou emplacar um concorrente à altura com o Threads, mas falhou.
Exatos 20 dias antes do Twitter abandonar o pássaro azul e se tornar o X, o Threads foi anunciado pelo Instagram , da Meta, como um concorrente direto da rede social de textos curtos.
Caso você não se lembre, o Threads chegou em um momento em que muita gente estava de saco cheio da era Elon Musk no comando do Twitter. Era início de julho e, pouco mais de oito meses depois de adquirir a plataforma, o bilionário já tinha demitido cerca de 70% da equipe da rede social, estragado a moderação de conteúdo, restringido ferramentas básicas e até limitado a quantidade de publicações que os usuários podiam ver por dia.
Outros apps concorrentes do Twitter já tinham tido seus cinco minutos de fama nesse período, como o Koo e o Mastodon , então esse parecia o momento ideal para uma gigante de tecnologia como a Meta lançar seu próprio concorrente do Twitter.
E, de fato, foi o momento perfeito, mas os anos de consolidação do Twitter pré-Musk se mostraram sólidos o suficiente para manter o público ali, firme e forte, mesmo diante do caos e da concorrência. A Meta tanto aproveitou o timing que lançou o Threads com algumas coisas faltando - ou melhor, com muitas coisas faltando.
A rede social "filha" do Instagram chegou ao mercado global sem hashtags, mensagens diretas, buscas sobre tópicos, versão para a web, tradução de posts e feed cronológico.
Mesmo assim, o Threads hitou. A plataforma bombou tanto que chegou a bater recordes. Em 5 dias, alcançou 100 milhões de usuários . Em seis, atingiu a marca de 150 milhões de downloads, se tornando o aplicativo mais rápido da história a cumprir esse feito.
O hype , porém, durou pouco. Em cerca de três semanas, o Threads caiu do 1º para o 256º lugar entre os aplicativos mais baixados no Brasil.
Nos meses seguintes, a rede social até ficou melhor. O feed cronológico, a tradução de posts e a possibilidade de excluir uma conta sem deletar o Instagram junto foram alguns dos recursos lançados , para a felicidade de quem ainda usa a rede social e de quem estava ansioso para deletá-la de vez.
Com as novidades, o Threads ganhou fôlego e voltou a aparecer entre os 10 aplicativos mais baixados no Brasil. Entre os dias 1º e 13 de dezembro, ficou em 8º lugar no ranking, de acordo com dados da plataforma data.ai analisados pelo portal iG.
A rede social, porém, ainda está bem longe do objetivo do CEO da Meta, Mark Zuckerberg, de fazer com que a plataforma alcance 1 bilhão de usuários - o Twitter tem pouco mais de 200 milhões de usuários ativos diariamente. "É uma estranha anomalia na indústria de tecnologia que não tenha havido um aplicativo como este para conversas baseadas em texto que atingiu um bilhão de pessoas", disse Zuckerberg em julho.
E o Twitter?
Enquanto o Threads vivia altos e baixos, o Twitter passou o ano acumulando baixos. Logo no início do ano, a rede social lançou seu plano pago, o Twitter Blue , que permite que qualquer pessoa tenha acesso ao selo de verificação, e não apenas contas relevantes, como de personalidades públicas, políticos e jornalistas.
Além de bagunçar a conversa pública na plataforma, tirando uma das principais formas dos usuários atestarem a veracidade e autoria de determinada informação, o Twitter Blue também passou a acumular outros benefícios para usuários pagantes, deixando os demais sem ferramentas básicas e importantes.
Neste ano, a autenticação em dois fatores por SMS - recurso básico de segurança -, a criação de enquetes e as mensagens criptografadas passaram a aumentar a lista de recursos exclusivos para assinantes do Twitter Blue.
Em julho, Musk anunciou que usuários não pagantes poderiam ver apenas 600 publicações por dia na rede social, o que deixou muitos usuários irritados. O Threads, aliás, foi lançado dias depois dessa mudança, aproveitando a onda de irritação com o Twitter. A limitação, porém, foi temporária.
Semanas depois, o Twitter deixou oficialmente de existir da forma como era conhecido, e passou a se chamar X. Por enquanto, a mudança não foi além do nome e da logo, e a promessa de Musk de transformar o X no "aplicativo de tudo", trazendo inclusive funcionalidades bancárias, ainda não foi cumprida.
Mais para o final do ano, Musk enfrentou uma polêmica com anunciantes depois de fazer publicações antissemitas em meio à guerra entre Israel e Hamas. Depois de marcas decidirem abandonar as propagandas no X como boicote às falas de Musk, o bilionário admitiu que a rede social pode fechar as portas por falta de dinheiro. Ele, porém, pareceu não ligar muito: "Vão se f***r", disse aos anunciantes.
Bilionários à beira do ringue
Em meio ao caos que 2023 foi para o Twitter - ou melhor, o caos que o Twitter promoveu para si mesmo em 2023 - e ao lançamento do que poderia vir a ser seu maior concorrente, bilionários resolveram fazer o que fazem de melhor: besteira.
No fim de junho, quando começaram a surgir os rumores de que o Threads seria lançado pela Meta, Musk usou o Twitter para falar mal de Zuckerberg . "Tenho certeza de que a Terra mal pode esperar para estar exclusivamente sob o controle de Zuck, sem outras opções", disse ele, na ocasião.
Um usuário brincou afirmando que Musk deveria ter cuidado, já que Zuckerberg luta Jiu-jítsu. Ele, então, disse que aceitaria uma luta com o rival, que respondeu: "Me mande a localização".
Nas semanas seguintes, o assunto continuou circulando, com a expectativa de que a luta de fato acontecesse. A possível briga chegou a ser apoiada até pelo presidente do UFC , e Musk chegou a prometer que ela seria transmitida ao vivo no X.
Em agosto, porém, Zuckerberg colocou um ponto final na história, afirmando que Musk não estava "falando sério". "Se ele um dia levar a sério e quiser marcar uma data e um evento oficial, ele sabe como me encontrar. Caso contrário, é hora de seguir em frente. Vou focar em competir com pessoas que levam o esporte a sério", disse ele. E foi assim que chegou ao fim o que poderia se tornar uma das situações mais constrangedoras que o mundo já viu.