Na internet, as redes sociais foram dominadas pelo debate político
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Na internet, as redes sociais foram dominadas pelo debate político


Novas redes sociais, aplicativos e serviços surgindo para tornar a vida dos usuários cada vez mais simples e conectada, e uma infinidade de memes: a internet não parou em 2018. Todas essas inovações tecnológicas, no entanto, ficaram em segundo plano neste ano.

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Enquanto polêmicas de vazamentos de dados de usuários da internet começaram a aparecer logo no início de 2018 e se estenderam durante todo o ano – você sabe quem já acessou suas informações? –, não demorou muito para que as conhecidas fake news (expressão em inglês utilizada para se referir à informações falsas) tomassem conta do cenário mundial. Relembre, aqui, os pontos mais importântes dos escândalos proporcionados pela internet neste ano:

Os principais escândalos de fake news produzidos na internet em 2018

Em 2018, a internet foi dominada pelo cenário político e as fake news
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Em 2018, a internet foi dominada pelo cenário político e as fake news


Em 2018 Brasil, Índia e Estados Unidos foram os principais protagonistas dos escândalos envolvendo notícias falsas , deixando plataformas como Facebook, Instagram e Twitter no topo da discussão. Muitas tentaram se defender, alegando que não poderiam controlar o conteúdo publicado por seus usuários, já que isso afetaria a liberdade de expressão dos internautas. Em algumas situações, entretanto, as empresas precisaram se posicionar. Confira uma restrospectiva dos casos mais marcantes:

Índia

Na Índia, o compartilhamento de notícias falsas através do WhatsApp causou pelo menos 27 mortes . O país, que registra a maior população do mundo, tem cerca de 200 milhões de usuários  de WhatsApp – o que faz com que este seja o maior mercado, em número, da empresa. 

A onda de linchamentos e agressões começou com a disseminação em massa de um boato no aplicativo de mensagens. A 'notícia' citava a existência de um grupo sequestrador de crianças no país. “Suspeitos de sequestrar crianças estão usando sedativos, injeções, sprays, algodão e pequenas toalhas. Eles falam hindi, bengalês e malaiala. Se você vir algum estranho perto de sua casa, informe imediatamente a polícia local. Pode ser um membro dessa gangue de sequestradores”, dizia o texto. 

Compartilhado à exaustão, o boato alcançou grande parte da população e ganhou grandes proporções quando pessoas que supostamente seriam sequestradoras começaram a ser linchadas até a morte nas ruas. O texto, entretanto, era falso.

Com a violência em alta, a Índia chegou a suspender, em agosto, as conexões de internet nos celulares por algumas horas para tentar conter o fenômeno. A medida não deu certo e precisou da intervenção do ministro de Tecnologia da Informação do país, Ravi Shankar Prasad, que pediu auxílio para o próprio WhatsApp.

Em resposta, o aplicativo reduziu globalmente o número de encaminhamentos que pode ser feito de uma única vez, passando de 250 para apenas 20. Na Índia, entretanto, o número  de encaminhamentos liberado foi alterado, apenas para o país, e limitado a apenas cinco –  restrição que deve chegar a todo o mundo em breve .

Brasil

De ofensas pessoais contra os candidatos e seus familiares a denúncias de fraude, a divulgação de notícias inverídicas foi tão intensa durante a corrida eleitoral brasileira que impactou diretamente as campanhas dos então presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). Atingidos, ambos precisaram recorrer à Justiça para que conteúdos falsos fossem retirados das redes, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também precisou agir.

Em junho, meses antes do primeiro turno, o WhatsApp lançou uma atualização que indicava quais das mensagens recebidas foram encaminhadas de outras pessoas. A medida visava auxiliar no combate às fake news, já que, na época, usuários já utilizavam a criptografia do aplicativo para desinformar as pessoas com mensagens não verdadeiras. 

Um mês depois, o Facebook também anunciou uma medida contra as notícias falsas, e passou a apagá-las. Outras medidas, como regras para a veiculação e propagação de anúncios eleitorais e/ou políticos, também foram tomadas. Logo depois disso, a rede social apagou 196 páginas e 87 contas que disseminavam fake news. Na época, o Movimento Brasil Livre (MBL) foi identificado como responsável pela maioria delas e reclamou, dizendo se tratar de censura.

Já às vésperas do segundo turno, o TSE lançou uma plataforma para ajudar no combate às fake news, que oferecia explicações sobre as mensagens falsas e também links de agências e fontes confiáveis de notícias desmentindo os boatos. Até a data da criação, em 11 de outubro, cerca de 36 conteúdos inverídicos sobre Haddad tinham sido retirados do ar, assim como 33 de Manuela D'Ávila (PCdoB), então candidata a vice-presidente do petista. O tribunal também chamou os dois presidenciáveis para assinar um acordo contra os conteúdos falsos .

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Na mesma época, uma reportagem da Folha de S.Paulo  revelou que empresas de marketing digital custeadas por empresários próximos ao então candidato Jair Bolsonaro estariam disseminando fake news em milhares de grupos do WhatsApp. Em nota, o aplicativo disse que "baniu proativamente centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil", incluindo a do senador eleito Flávio Bolsonaro , filho do candidato à Presidência. Segundo o serviço de mensagens, as contas apagadas apresentaram comportamento anormal e a medida foi tomada para evitar "espalhar spam ou desinformação".

Com a repercussão, o conselho consultivo sobre internet e eleições criado pelo  TSE brasileiro se reuniu com representantes do aplicativo de mensagens  para discutir a possibilidade de redução da proliferação de fatos inverídicos no período eleitoral e fez algumas propostas, como a redução do número de mensagens encaminhadas e de grupos criados por um mesmo usuário, além de limitar a participação em grupos e o encaminhamento de mídias.

Em resposta, entretanto, o WhatsApp disse à  BCC Brasil  que as mudanças e atualizações  às vésperas das eleições eram "impossíveis" por motivos técnicos, e que a empresa buscava por um "equilíbrio entre o que é liberdade de expressão e o que é violação de regras", além do constante feedback dos usuários. As redes sociais continuaram, então, tentando deletar os conteúdos falsos até o final do período eleitoral.

Estados Unidos

As fake news também invadiram os Estados Unidos – e essa não foi a primeira vez. Um escândalo semelhante e de grandes proporções ganhou o noticiário em 2016, quando notícias inverídicas supostamente ajudaram a votação que consagrou Donald Trump como presidente. Mesmo após a polêmica da época, a disseminação de informações falsas continuou acontecendo em grande número no país, desta vez às vésperas das eleições legislativas.

No terceiro trimestre de 2018, o Twitter informou que desligou cerca de 9 milhões de contas de usuários por razões políticas, e  outras dez mil foram apagadas pela rede social poucos dias antes das votações parlamentares americanas. A empresa informou que os perfis se envolveram "em tentativas de compartilhar desinformação de maneira automatizada" e que queriam desencorajar os eleitores a ir às urnas.

Em outubro, Trump perdeu milhares de seguidores e acusou a empresa de dificultar  a situação de seu perfil na rede social. "O Twitter removeu muitas pessoas de minha conta e, mais importante, aparentemente fizeram algo que dificulta a adesão. Eles sufocaram o crescimento a ponto de ser óbvio para todos", afirmou, na época. 


Em resposta, o Twitter disse que trabalhava para "eliminar contas falsas para evitar comportamentos maliciosos", como bots (robôs) programados para fazer postagens com determinado fim, e continuou apagando contas.

Já no Facebook, uma investigação interna também encontrou evidências de tentativas de interferências nas eleições. A empresa, que foi acusada de ajudar a divulgar notícias falsas nas eleições de 2016, criou, neste ano, um centro de controle para combater o problema. Cerca de 32 contas suspeitas  que administravam perfis e páginas falsas tanto na própria rede social quanto no Instagram foram deletadas.

Nem só de fake news se fez 2018...

O Facebook protagonizou diversos escândalos de vazamento de dados de usuários em 2018
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O Facebook protagonizou diversos escândalos de vazamento de dados de usuários em 2018


Ao longo do ano, o Facebook , que acumula 2,6 bilhões de usuários espalhados em todo o mundo , se viu envolvido em uma série de polêmicas sobre vazamento de dados de seus usuários. Atualmente, a empresa de Mark Zuckerberg registra 2,3 bilhões de clientes novos todos os meses, sendo 1,5 bilhão todos os dias. De acordo com o Banco Mundial, esse número equivale a 34% da população mundial. 

Desse total, cerca de 87 milhões de tiveram seus dados coletados , no fim de março, pela Cambridge Analytica, quando informações dos perfis dos internautas foram pegas por meio de um teste de personalidade. A plataforma também coletou informações sobre os amigos dos participantes da "brincadeira". A empresa Cambridge Analytica trabalhou com a equipe responsável pela campanha de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2016. Ela também foi contratada pelo grupo que promovia a saída do Reino Unido da União Europeia. A suspeita é de que os dados dos usuários tenham sido usados nas campanhas políticas.

De acordo com informações do processo, a empresa guardou informações indevidamente durante anos, mesmo tendo afirmado que havia eliminado os registros. Vale destacar que a rede social tem ciência da coleta de dados desde 2015, mas não alertou seus usuários.

Na última quarta-feira (20), uma reportagem do jornal americano The News York Times revelou que a rede social compartilhou ainda mais dados do que o revelado anteriormente . Segundo a publicação, cerca de 150 empresas, entre as gigantes de tecnologia como Netflix, Spotify, Amazon e Yahoo, receberam informações dos usuários da plataforma.

O Bing, plataforma de busca da Microsoft, conseguiu ver todas as amizades dos usuários do Facebook. Já a Netflix e o Spotify puderam ler as mensagens privadas. A rede social também permitiu que a acessasse Amazon tanto o nome dos usuários como suas informações de contato, e o Yahoo conseguiu ver publicações das amizades. O The New York Times também afirmou que as empresas conseguiam acessar o conteúdo dos usuários mesmo que eles tivessem desabilitado todas as configurações de compartilhamento.

Outros vazamentos de dados ocorreram no Facebook devido a falhas internas, como a que  expôs fotos de 6,8 milhões de usuários , a que vazou informações de 50 milhões  e a invasão de hackers, que r oubaram dados de outros 29 milhões .

Para além da empresa de Zuckerberg, a internet também protagonizou problemas de divulgação indevida de informações com o  Google+, que será encerrado após vazar dados de 52,5 milhões ; a Uber, em que 57 milhões de passageiros e motoristas tiveram os dados roubados por hackers , e o  Twitter, que expôs as senhas de 330 milhões de usuários .


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